ENTREVISTA

Novo ministro não tem a menor preocupação com a educação, diz Cristovam

Ex-ministro da educação de Lula, Cristovam Buarque critica escolhido por Bolsonaro para a pasta. Senador ainda diz que Escola Sem Partido é tentação autoritária

Maria Luiza Falcão
Maria Luiza Falcão
Publicado em 27/11/2018 às 10:04
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Ex-ministro da Educação, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) criticou duramente nesta terça-feira (27) o nome escolhido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para comandar a área. “Eu lamento, mas não vejo no ministro que está indicado um discurso com a menor preocupação com a educação. Ele está apenas querendo atender aos anseios dos eleitores de Bolsonaro”, disse Cristovam sobre Ricardo Vélez Rodríguez. Acompanhe a entrevista na íntegra no áudio abaixo:

Cristovam afirmou ainda que é contra a municipalização da educação, considerando da União a responsabilidade de financiar e gerir, em parceria com os gestores e professores, as melhores soluções para cada escola. "Municipalizar a educação, deixar a educação na mão dos municípios é dizer que a criança que nascer num município rico, vai ter uma boa escola; o resto é que se vire", disse. "Eu defendo que todas as escolas sejam federais, que isso seja feito por cidade, e não por escola. E o governo, com responsabilidade fiscal, vai saber impor o ritmo que for melhor", completa.

Oposição e autocrítica

Para Cristovam Buarque a esquerda precisa descobrir porque foi derrotada pela extrema-direita: “Temos que fazer uma reflexão de onde foi que a gente [enquanto esquerda] errou. Vamos dar um tempo para esse governo e nos voltar para nós”, disse.

Para o senador, “o povo não vota, quem vota são os eleitores. E os eleitores sempre tem razão. Eles votam pensando no hoje, nas suas raivas, nos seus anseios. E o recado deles foi muito direto”, disse.

Cristovam Buarque ainda sinalizou descrença do próprio partido, o PPS, partido que ingressou em 2015. O PPS cogita mudar de nome para Movimento: “Eu acho um erro o meu partido acreditar que mudando de nome, ele vai deixar de ser o que ele é. Os nossos partidos políticos precisam fazer psicanálise. O nome do partido tem que dizer o que é o partido. Movimento é um nome bom para uma academia de ginástica. Esse nome não quer dizer nada”, disse.