DEFESA

Família de Lucas Lyra está surpresa som pedido de anulação de júri

A empresa Pedrosa argumenta que o tiro que atingiu Lucas Lyra não foi realizado pelo segurança da empresa, que é réu confesso do crime

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 28/11/2018 às 18:39
Bobby Fabisak/JC Imagem
FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem

O advogado da família do jovem Lucas Lyra, Thales Cabral, disse que todos estão surpresos com a manobra dos advogados da empresa Pedrosa para anular o júri popular que condenou o segurança autor do disparo de arma de fogo contra o garoto.

“A família recebe com perplexidade, surpresa, porque é sabido de toda sociedade pernambucana que o réu, que foi julgado e condenado pelo Tribunal de Justiça, por unanimidade pelos jurados, ele é o assassino confesso”, falou o advogado Thales Cabral.

Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (28), a empresa utilizou imagens detalhadas para argumentar que o tiro que atingiu Lucas Lyra, antes de uma partida entre Náutico e Central pelo Campeonato Pernambucano de 2013, não foi realizado pelo segurança da empresa, José Carlos Feitosa Barreto, condenado a oito anos de prisão pelo crime.

O perito contratado pela empresa de ônibus, Adamastor Nunes de Oliveira, disse que essa conclusão se deu após o laudo pericial, através de análises detalhadas de câmeras da Secretaria de Segurança Social (SDS) que mostraram o acusado em frente a Lucas, o que impossibilitaria o tiro na nuca.

“Agora, após cinco anos de tramitação desse processo, vem a defesa trazer essas supostas alegações. O que a família entende é que isso é uma mera tentativa de postergar a ação da justiça. Evidentemente esse pedido de anulação do processo vai ter o mesmo destino dos outros incidentes processuais que foram levantados até agora e essa manobra vai ser rejeitada”, avaliou Thales. “Nós confiamos no judiciário e até agora fomos vencedores em todas as medidas. As partes rés não conseguiram êxito se quer em uma medida, seja no criminal seja no cível”, disse.

Confira os detalhes na entrevista concedida ao Rádio Livre:

Custeio do tratamento

Segundo o advogado Thales Cabral, a Justiça determinou que a empresa Pedrosa e o Grande Recife Consórcio de Transporte custeassem todas as despesas médicas de Lucas Lyra, que hoje se recupera em casa, após passar anos internado no Hospital Português.

No entanto, a empresa se recusou a pagar um tratamento que o jovem necessita. “Mais recentemente surgiu uma necessidade de tratamento dentário e a empresa, a gente não entende o porquê, não quis custear esse tratamento. Foi denunciado á Vara da Fazenda Pública e nós estamos aguardando”, disse.

Relembre o caso

Lucas Lyra foi baleado na nuca em fevereiro de 2013 por José Carlos Feitosa Barreto, que era segurança da empresa de transporte coletivo Pedrosa. Ele foi acusado de tentativa de homicídio qualificado - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima.

José Carlos chegou a ficar preso preventivamente durante dez dias. No entanto, como não havia sido pego em flagrante, foi liberado para aguardar o processo em liberdade. Na época, Lucas Lyra tinha apenas 19 anos e teve suas chances de sobreviver estipuladas em apenas 1%. Após superar o risco de morte, ele passou três anos e meio internado no Hospital Português do Recife. Depois de passar pelo coma, ele deixou a unidade de saúde em agosto de 2016, com limitações motoras e dificuldade na fala.

O acusado de atirar contra a nuca do torcedor Lucas Lyra, José Carlos Feitosa, foi condenado a oito anos de reclusão em regime fechado pelo júri popular realizado no dia 3 de setembro, na 1ª Vara do Tribunal da Capital, presidida pelo juiz Ernesto Bezerra. Condenado por tentativa de homicídio qualificado, o réu recorre em liberdade. A pena deve ser cumprida na Barreto Campelo.