PARALISAÇÃO

Em greve, canavieiros realizam protesto e bloqueiam BR-101

Cerca de 80 mil canavieiros entraram em greve nesta segunda-feira (3). Trabalhadores do setor reivindicam melhoria salarial

Maria Luiza Falcão
Maria Luiza Falcão
Publicado em 03/12/2018 às 9:19
Foto: Divulgação/PRF
FOTO: Foto: Divulgação/PRF

Após decidirem entrar em greve, trabalhadores do setor canavieiro realizam protesto por melhoria salarial na manhã desta segunda-feira (3), bloqueando o trânsito nos dois sentidos da BR-101, na altura do município de Ribeirão, Zona da Mata Sul de Pernambuco.

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Trânsito

Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de 100 canavieiros participam do ato. O engarrafamento é de aproximadamente 3km, em ambos os sentidos.

Greve

A decisão foi tomada em assembléa na noite da ultima quinta-feira (29), após 13 rodadas de negociação. Com a paralisação, cerca de 80 mil canavieiros podem suspender a colheita da cana-de-açúcar. O estado está em plena safra 2018/2019, iniciada em setembro e que segue até março do ano que vem.

O principal ponto de divergência entre os trabalhadores da cana-de-açúcar, os usineiros e os fornecedores de cana é o fim da chamada horas in itinere, que, pela legislação trabalhista, é o tempo gasto pelo empregado, em transporte fornecido pelo empregador, para a ida e a volta até o local de trabalho em locais de difícil acesso e não atendido por transporte público regular. Esse tempo de deslocamento é pago como acréscimo a jornada de trabalho e representa, em média 20% a mais no salário do empregado. “A greve foi deflagrada porque eles querem acabar com conquistas históricas de nossa categoria”, afirmou o presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais do Estado de Pernambuco (Fetaepe), Gilvan José Antunis.

Segundo o sindicalista, se houver a retirada das horas in intinere, além da perda salarial, poderá haver prejuízo para as ações que tramitam na Justiça do Trabalho sobre o tema. “Os patrões condicionaram todo restante das negociações ao fim do pagamento das horas de deslocamento”. Gilvan afirma ainda que abrir mão da remuneração pode abrir brechas para que o empregador deixe o trabalhador aguardando, por horas, a chegada e saída do veículo. A campanha salarial dos canavieiros também discute um novo piso salarial para a categoria. Dos atuais R$ 970, os trabalhadores pedem um reajuste para R$ 1.150. “Queríamos dialogar, mas não podemos aceitar nenhum direito a menos”, diz Gilvan.