VIOLÊNCIA

Especialista afirma que homicídios sem respostas estimulam o crescimento da violência

Bruno Langeani do Instituto Sou da Paz destaca a necessidade de melhores condições de trabalho para perícia e polícia na elucidação dos casos

Maria Luiza Falcão
Maria Luiza Falcão
Publicado em 12/12/2018 às 10:56
Edson Araújo/TV Jornal
FOTO: Edson Araújo/TV Jornal

Crimes hediondos como assassinatos ocorrem diariamente em Pernambuco. Todos os dias, a Rádio Jornal apresenta o quantitativo de homicídios registrados nas últimas 24h no estado. Para Bruno Langeani, gerente de Sistemas de Justiça e Segurança Pública do Instituto Sou da Paz – organização que atua com pesquisas a fim de contribuir de maneira eficaz com a diminuição da taxa de violência no país – em Pernambuco “esse ponto do homicídio” é a “face mais evidente” dentre a problemática da impunidade no país.

Ouça a entrevista na íntegra:

O especialista destaca ainda que, os quantitativos de homicídio sem respostas estimulam o crescimento da violência no país porque a impunidade é uma força para que outros criminosos se sintam “livres”. “Se a pessoa mata alguém e nada acontece, você tem um incentivo para que novas mortes aconteçam”, enfatiza Langean.

O gerente afirma que o estado precisa fornecer os dados para que se trabalhe de maneira eficaz contra a violência. Langean aponta que a falta de elucidação nos casos de homicídios tira a credibilidade do sistema de justiça. “Se nós não conseguimos, para o crime mais grave, que é alguém matar outra pessoa, a gente não tem esse esclarecimento, se a gente não tem essa pessoa levada para a justiça e sendo presa aí a gente tira a credibilidade de todo um sistema da justiça”, alerta Bruno.

Segundo o gerente, cada estado, por iniciativa individual e de acordo com os processos aplicados em relação à segurança pública, atua registrando e fornecendo dados sobre a violência para crimes hediondos, mas são se sabe “a taxa nacional de esclarecimento de homicídio para o Brasil”. Em muitos casos, o comparativo entre as unidades federativas não pode ser feito por conta das diferenças entre metodologias usadas por cada gestão estadual no sistema de segurança. O instituto cobrou dados dos 27 estados a fim de criar um indicador nacional, mas apenas oito forneceram informações, o que não foi suficiente para elaboração do documento. Pernambuco está entre os 19 que não colaboraram com o levantamento.

Melhores condições de trabalho

Dentre os pontos citados por Bruno Langeani, um fator importante a ser considerado é o ambiente e ferramentas de trabalho para os profissionais que lidam diretamente com os casos de homicídios no país. “A gente precisa falar tanto de melhora no local de crime, em estrutura para perícia, em melhores condições de trabalho para os delegados e para investigadores, porque essa resposta para o crime mais violento, o estado brasileiro tem obrigação de resolver”.