Recife

Mãe de brasileira morta na Nicarágua acredita em farsa na prisão do assassino

A mãe da estudante Raynéia Gabrielle acredita que o homem preso, que confessou o crime, seria um "bode expiatório" do presidente Daniel Ortega e culpa o governo da Nicarágua pela morte

Maria Luiza Falcão
Maria Luiza Falcão
Publicado em 13/12/2018 às 15:03
Foto: Acervo Pessoal
FOTO: Foto: Acervo Pessoal

A família da pernambucana assassinada na Nicarágua, Raynéia Gabrielle da Costa Lima Rocha, de 30 anos, questiona a condenação do ex-militar e vigilante particular que confessou ter cometido o crime. Pierson Adam Gutierrez Solis foi sentenciado a 15 anos de prisão por homicídio, porte e posse ilegal de arma, além de pagamento de multas. Em entrevista à Rádio Jornal nesta quinta-feira (13), a mãe de Raynéia disse acreditar que os disparos foram efetuados porque o veículo circulava em atitude suspeita. Além disso, ela diz que não acredita que o vigilante seja o verdadeiro autor do crime e que ele esteja sendo um "bode expiatório" do governo da Nicarágua.

"Nem vai trazer minha filha de volta.Eu ainda continuo na minha opinião de que não foi ele. Ele tá sendo um bode expiatório do (presidente) Ortega. Também não estou lá, nem eu nem ninguém representante da família para saber se o camarada está preso, se essa sentença foi julgada", .

A jovem foi atingida enquanto dirigia perto da universidade onde estudava, em Manágua, capital nicaraguense. O país vivia um período conturbado por causa de uma série de protestos populares contra o presidente Daniel Ortega. O vigilante confessou ter atirado e matado a estudante de medicina em julho deste ano.

Para a mãe de Raynéia, Maria José Costa, não há garantias de que foi Pierson que cometeu o crime ou que ele vai cumprir a pena: "Não acredito que ele, um simples vigilante, tenha o poder de arrancar as câmeras, tinha o poder de tirar o carro do local do crime, com duas horas depois. Um simples vigilante tinha autoridade para isso? E cadê o carro dela, que até hoje sumiu?".

Ainda de acordo com a mãe da estudante, ela soube da notícia através de uma conhecida nicaraguense. Para Maria José, houve negligência por parte das autoridades brasileiras: "Na minha opinião competia às autoridades brasileiras, principalmente o Itamary, o consulado, me comunicar todo e qualquer questão da morte da minha filha, E isso não foi". A mãe de Rayneia releva que soube da morte através de conhecidos da filha: "Eu soube através de uma nicaraguense que mora em São Paulo e ela foi quem soube e me passou. Porque as autoridades brasileiras. As autoridades brasileiras ainda estão omissas com relação à morte da minha filha". Confira os detalhes na reportagem de Gabriela Bento.

Ouça:

Em nota, a Secretaria Executiva de Direitos Humanos informou que encaminhou uma petição à Corte Interamericana de Direitos Humanos para agilizar e acompanhar as investigações do caso. Segundo a assessoria, até o momento, a secretária não recebeu resposta oficial, mas o prazo para o pronunciamento é até março de 2019. Desde que tomou conhecimento do fato, a secretária ofereceu apoio psicossocial e jurídico. O traslado do corpo da estudante para o Recife também foi feito pelo governo de Pernambuco.