VIOLÊNCIA

Justiça decreta prisão de João de Deus após denúncias de estupro

O Ministério Público de Goiás recebeu mais de 300 denúncias de estupro e abuso sexual contra mulheres, crianças e adolescentes de 11 estados e do Distrito Federal. João de Deus nega os crimes

Maria Luiza Falcão
Maria Luiza Falcão
Publicado em 14/12/2018 às 12:15
Marcelo Camargo/Agência Brasil
FOTO: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após mais de 330 denúncias de estupros e abusos sexuais, a Justiça de Goiás decretou a prisão preventiva do médium João de Deus. Ele é suspeito de praticar os crimes durante tratamentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, cidade do entrono do Distrito Federal.

Na quarta-feira, o Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) protocolou um pedido de prisão na promotoria de Abadiânia. No entanto, não se sabe se este é o pedido que originou a decisão.

Denúncia de estupro envolvendo João de Deus é registrada em Pernambuco

Mais de 300 denúncias

João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, é famoso internacionalmente
João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, é famoso internacionalmente
Foto: Paris Filmes/Divulgação

O Ministério Público de Goiás recebeu, nos últimos quatro dias, 330 denúncias de abuso sexual contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus. As vítimas disseram ser de Goiás, do Distrito Federal, de Minas Gerais, de São Paulo, do Paraná, do Rio de Janeiro, de Pernambuco, do Espírito Santo, do Rio Grande do Sul, de Mato Grosso do Sul, do Pará e de Santa Catarina.

As denúncias serão investigadas pela força-tarefa instituída pelo procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, após as acusações contra o médium ganharem repercussão no país e no exterior. Na última segunda-feira, o Ministério Público criou um e-mail ([email protected]) para recebimento de denúncias de vítimas. Os 330 comunicados foram recebidos por esse canal e por telefone.

Ouça os detalhes com Romoaldo de Souza:

Mesmo com denúncias, centro de João de Deus manterá atendimentos

João de Deus se instalou em Abadiânia (GO) há 42 anos e mantém a Casa Dom Inácio de Loyola, centro de atendimento espiritual onde o médium costuma atender a pessoas doentes. No local, segundo as denúncias, ele teria abusado sexualmente de mulheres durante atendimentos individuais. O Ministério Público de Goiás pediu ontem a prisão preventiva do médium.

Nesta semana, Torres Neto enviou correspondências aos procuradores-gerais de Justiça dos estados e do Distrito Federal, solicitando que sejam designadas unidades de atendimento para coleta de depoimentos de possíveis vítimas do médium. Eventuais ações penais contra o médium vão tramitar na Promotoria de Abadiânia. A força-tarefa do Ministério Pública é integrada por sete pessoas.