INTERNACIONAL

Capturado na Bolívia, Battisti fará escala no Brasil antes de ser extraditado para Itália

Condenado à prisão perpétua na Itália, Battisti foi sentenciado pelo assassinato de 4 pessoas, quando integrava um grupo de resistência comunista

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 13/01/2019 às 12:44
Polizia di Stato/Redes Sociais
FOTO: Polizia di Stato/Redes Sociais

O italiano Cesare Battisti fará escala no Brasil antes de ser extraditado para a Itália. A decisão foi anunciada pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, após reunião no Palácio da Alvorada, com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, e o chanceler Ernesto Araújo. Foragido desde dezembro, Battisti foi capturado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, por volta das 17h de ontem (12).

Mais cedo, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, chegou a informar que um avião do governo italiano está a caminho da Bolívia para buscar Cesare Battisti. Segundo o premiê, o avião pousará por volta das 14h, no horário de Brasília.

Heleno, no entanto, disse que Battisti será trazido para o Brasil num avião da Polícia Federal e trocará de avião antes de seguir para a Itália. Segundo ele, o avião que buscará o italiano na Bolívia não tem capacidade para voar direto até a Europa, tornando necessária a escala.

Prisão perpétua

Conforme o governo brasileiro, a decisão de trazer Battisti para o Brasil foi tomada conjuntamente com o governo italiano, levando em consideração questões de segurança. Condenado à prisão perpétua na Itália, Battisti foi sentenciado pelo assassinato de quatro pessoas, na década de 1970, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, braço das Brigadas Vermelhas. Ele se diz inocente. Para as autoridades brasileiras, ele é considerado terrorista.

No Brasil desde 2004, o italiano foi preso três anos depois. O governo da Itália pediu sua extradição, aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que Battisti deveria ficar no Brasil, e o ato foi confirmado pela Suprema Corte.

A extradição do italiano foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 13 de dezembro do ano passado, nos últimos dias do governo de Michel Temer. A medida era defendida ainda em campanha pelo presidente Jair Bolsonaro.

Ministro do Interior italiano agradece prisão de Battisti

O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, agradeceu, pelo Twitter, as forças policiais pela prisão de Cesare Battisti, e disse que o italiano “não merece uma vida confortável na praia, mas terminar seus dias na cadeia”.

“Agradeço às forças policiais italianas e estrangeiras, à polícia italiana, a Interpol, à Aise [Agência de Informação e Segurança Externa italiana] e todos aqueles que trabalharam para a captura de Cesare Battisti, um delinquente que não merece uma vida confortável na praia, pelo seu trabalho árduo para terminar seus dias na cadeia”, diz o tuíte.

Em italiano, o presidente Jair Bolsonaro enviou, também pela rede social, uma mensagem ao ministro: “Parabéns e conte sempre com a gente, ministro Salvini!”.

Battisti foi capturado na Bolívia, em Santa Cruz de La Sierra por volta das 17h deste sábado (12). Segundo relatos, ele não tentou escapar. Questionado pelos policiais, respondeu em português. O italiano usava calça azul e camiseta, óculos escuros e barba falsa.

Defesa de Battisti pede "respeito aos direitos fundamentais"

O advogado Igor Tamasauskas, que defende o italiano Cesare Battisti, disse em nota que espera que o caso “tenha um desfecho de respeito aos direitos fundamentais de nosso cliente”. Battisti foi preso na Bolívia, em Santa Cruz de La Sierra, por volta das 17h de ontem (12).

“A respeito da prisão do Cesare Batistti temos a informar que, como as notícias dão conta de que ele não se encontra no Brasil, seus advogados brasileiros não possuem habilitação legal para atuar em outra jurisdição que não a brasileira. Esperamos que o caso tenha um desfecho de respeito aos direitos fundamentais de nosso cliente”, diz Tamasauskas.