VIOLÊNCIA

Psiquiatra diz que menino suspeito de matar duas pessoas pode ter transtorno mental

Um menino de 12 anos foi apreendido no Pina, na Zona Sul do Recife, suspeito de matar dois homens

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 23/01/2019 às 18:07
Reprodução/ TV Jornal
FOTO: Reprodução/ TV Jornal

O psiquiatra Thiago Queiroz falou sobre o caso de um menino de 12 anos apontando como sendo autor de dois assassinatos no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife. O crime chocou a sociedade pela idade do garoto e a frieza com que os crimes foram cometidos.

Para o especialista, é importante avaliar se a criança tem algum transtorno mental. “Não é que esse transtorno faça com que ela não tenha consciência do que ela fez, mas às vezes influencia no comportamento. São transtornos que podem aparecer desde os 7 anos de idade, 5 anos, fazendo com que a criança às vezes não sinta a culpa, o remorso por prejudicar outra pessoa. Isso tem que ser diagnosticado o quanto antes”, destacou.

Segundo o psiquiatra, o transtorno de conduta é muito comum em casos em que a pessoa é agressiva. “Começa às vezes com maus tratos a animais, bullyng, provocar um mal a um colega, pequenos roubos e isso vai tomando proporções maiores à medida que a criança vai crescendo”, disse. “Se fosse um transtorno de conduta cerca de 30% a 40% permanece na vida adulta. 60% pode acabar na fase adolescência. Só acompanhando para ver se essa tendência à transgressão vai permanecer”, completou.

De acordo com Thiago Queiroz, alguns fatores podem desencadear os transtornos mentais. “Tem um componente genético forte e [a criança] já nasce com essa predisposição à transgressão, prejudicar outras pessoas. É por isso que, quando é notado, precisa ser tratado desde cedo. E tem a influência do ambiente também”, falou, destacando que a exposição a um ambiente violento também influencia.

Tratamento

Antes de iniciar um tratamento, é preciso uma avaliação de um psicólogo e um psiquiatra para diagnosticar ou não o problema. “Precisa primeiro passar por um psicólogo, um psiquiatra, para avaliar se ele tem uma doença e se ele precisa de um tratamento com terapia e medicação”, apontou, acrescentando que também é importante assegurar que a criança está fazendo o tratamento.

Por fim, o psiquiatra diz que o diagnóstico não exclui a responsabilidade. “A gente entende que a parte da doença não isenta a parte legal. Existe uma responsabilidade dele, dos pais, do que aconteceu”, afirmou.

Relembre o caso

Uma criança de apenas 12 anos foi apreendida por policiais militares na comunidade do Bode, bairro do Pina, Zona Sul do Recife. O caso alterou a rotina do Departamento de Homicídios e proteção a pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, na noite de terça-feira (22).

A primeira vítima tinha 44 anos. Em dezembro do ano passado, José Ricardo da Silva, que possuía deficiência física e usava cadeira de rodas, foi baleado por várias vezes pela criança.

A outra vítima foi um idoso de 68 anos. O assassinato aconteceu por um motivo banal. Paulo Roberto Gonçalves da Silva teria reclamado que o menino mexeu no carro dele. O garoto foi em casa, pegou uma arma e atirou na vítima, que ainda foi socorrida para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, mas não resistiu aos ferimentos.

A idade do menino e as várias passagens pela polícia chamaram a atenção do delegado Alaumo Lima, responsável pelo caso. Como não houve flagrante, a criança não foi encaminhada para a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).