CARNAVAL

Frevo reina no dia em que completou 112 anos

Blocos, agremiações e orquestras arrastaram foliões em vários pontos. O ritmo genuinamente pernambucano predominou

Informações do JC online
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Publicado em 09/02/2019 às 20:08
Bruno Campos/TV Jornal
FOTO: Bruno Campos/TV Jornal

Não podia ser diferente. No dia em que o frevo comemora 112 anos, foi ele quem reinou no Recife e em Olinda. Blocos, agremiações e orquestras arrastaram foliões em vários pontos. O ritmo genuinamente pernambucano predominou. No Bairro do Recife, Centro da capital, o Paço do Frevo cou lotado neste sábado. Recebeu, somente ontem, mais de mil visitantes, muitos deles à tarde, quando a programação festiva ocial começou. Os bairros de São José e de Santo Amaro, na área central, também comemoraram o frevo. Em Olinda, o Bloco Eu Acho É pouco foi uma das principais atrações, realizando, pela primeira vez em muitos anos, o baile pré-carnavalesco gratuito, na Praça do Carmo, no Sítio Histórico.

No Paço do Frevo, reduto do ritmo, as comemorações foram comandadas pela Transversal Frevo Orquestra, de César Michiles, filho do compositor Jota Michiles. O público que acompanhou o evento caiu no passo, de fato. Jovens, idosos e crianças tomaram o terceiro andar do museu. Antes da orquestra, tiveram apresentações do Recicoral, do Frevo Cinquentão, com o professor Otávio Bastos, e o Vivencias de Dança, do professor Júnior Viegas. “Amo o frevo e hoje, no dia dele, não poderia deixar de estar aqui, de homenageá-lo. Defendo que o ritmo seja mais tocado, inclusive durante todo o ano. Sou professor de educação física e costumo usá-lo nas minhas aulas. Além de preencher a alma, ele é um excelente condicionador físico”, defende André Carvalho, um dos mais animados durante as apresentações no Paço do Frevo.

História

O frevo é um manifesto popular marcado pela ocupação das ruas, da resistência e luta das classes menos favorecidas. A trajetória que formou o que hoje conhecemos mais como um ritmo, vai além de um estilo musical de compasso binário e andamento rápido. A palavra remete a um movimento social que refletiu, ao longo de mais de um século, a situação social vivida nos centros urbanos do Recife e Olinda. Datado em 9 de fevereiro, o aniversário do frevo surgiu após convenção de intelectuais, historiadores e poder público, que reconheceram oficialmente a primeira aparição do frevo no Jornal Pequeno, em 1907. Mesmo assim, o movimento cultural já existia antes da divulgação no jornal.

Segundo a Fundação Joaquim Nabuco, o processo de gestação do frevo remete a muito antes disso. Vem do século 19, sobretudo da década de 80 e 90, período de muitas transformações políticas, econômicas e sociais, com o m da escravidão, o advento da República e a formação de uma classe trabalhadora.