Em entrevista ao programa Passando a Limpo especial do Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira (8), a diretora de Programas do Instituto Igarapé, Melina Risso, comentou sobre a violência contra mulher e os números de mortes de mulheres no Brasil.
“É muito chocante o resultado da pesquisa da Folha de São Paulo que a gente entende o volume da violência doméstica e da violência contra a mulher”, afirmou Melina.
O levantamento ao qual ela se refere, foi feito pela Folha para marcar o Dia Internacional da Mulher e mostra 179 mulheres, em janeiro deste ano, foram vítimas de feminicídio ou sobreviveram a uma tentativa de feminicídio noticiados no País. É uma média de seis crimes por dia. Desse número, 71% dessas mulheres, as que morreram e as que sobreviveram, foram atacadas pelo atual ou ex-companheiro. De cada quatro suspeitos, um tinha histórico de violência ou antecedentes criminais.
Melina acredita que esse tipo de crime faz parte da cultura machista impregnada na sociedade. “Sem dúvida a gente deve mudar uma primeira estrutura. A mulher não é posse de uma pessoa”, diz. Para ela, o decreto do presidente Jair Bolsonaro que flexibiliza a posse de armas de fogo no Brasil pode contribuir para os casos de feminicídio. “Quando a gente fala de armas de fogo, isso aumenta a letalidade. A mudança do decreto facilita, e essa é uma preocupação pra essa situação de violência que é feita pelo parceiro. Uma arma de fogo nesse contexto piora e, muito, a violência”, explica.
A diretora do Programa do Instituto Igarapé complementa que o poder público precisa fiscalizar e apreender armas de homens que têm histórico de violência. “Pensando a legislação de armas, quando a pessoa diz que precisa, é preciso olhar esse histórico. Se o homem tiver arma, que ele perca o registro. A questão da arma tem que ser observada e tem que ser tirada em caso de violência doméstica”, fala.
Ouça a entrevista com Melina Risso na íntegra abaixo: