No último dia de desocupação do Edifício Holiday, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, um comerciante conseguiu uma liminar de funcionamento para o seu depósito de bebidas. O “Hélio Quentão”, localizado na Avenida Domingos Ferreira, pertence a Hélio Gomes, 65.
Na última sexta-feira (15), ele foi surpreendido por uma ordem de desocupação para o prédio onde funciona o seu estabelecimento há 30 anos, nas proximidades do quintal traseiro Edifício Holiday.
De acordo com Hélio, sua empresa tem 12 funcionários e ele procurou um advogado assim que foi notificado. “Graças a Deus eu tive essa grande surpresa hoje da liminar favorável. Estou feliz e espero que os todos outros entrem também com suas liminares e consigam”, comemorou, em entrevista à TV Jornal.
“Desde sexta-feira quando tomei conhecimento eu não estava dormindo direito, não comia, me desesperei. Mas através da minha família constituí um advogado e graças a Deus a decisão foi favorável a mim e todos os que trabalham comigo”, relatou Hélio.
Os outros 34 estabelecimentos que funcionam no mesmo quarteirão do Holiday também receberam a ordem. No entendimento da Defesa Civil, todos os prédios nesse local estão em risco, mesmo que não dividam a estrutura do edifício. Esse risco seria devido à proximidade com o prédio ameaçado, por ele ser de grande porte e poder afetar as áreas mais próximas.
O agravo de instrumento, que suspendeu temporariamente a ordem de desocupação, foi assinado pelo desembargador Márcio Fernando de Aguiar Silva, da 3ª Câmara de Direito Público do Recife. Procurado, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) afirmou que vai emitir uma nota sobre o caso ainda nesta quarta.
Drama do Holiday
O Holiday é um prédio da década de 1950, e foi construído em meio a alta especulação imobiliária da Praia de Boa Viagem, na época. O tempo se passou e o prédio começou a ser ocupado.
E hoje, nos 17 andares, moram cerca de 3 mil pessoas, nos 476 apartamentos que o Holiday tem. O grande problema é que o Holiday não vinha recebendo a assistência necessária. Por conta disso, a parte estrutural e as fiações elétricas do edifício foram se degradando. E esse foi o grande motivo para que na semana passada, a justiça determinasse a desocupação dos moradores do Holiday.
A medida de desocupação e interdição do Holiday foi tomada na terça-feira (12) em sentença dada pelo juiz Gomes da Rocha Neto, da 7ª vara da Fazenda Pública da Capital. A decisão saiu após requerimento feito pela Prefeitura do Recife, onde foi identificado que o prédio apresenta problemas estruturais e risco de incêndio, devido às precárias condições da rede elétrica do local.