VAGA NO STF

Moro diz não ter estabelecido nenhuma condição para assumir ministério

Neste domingo, o presidente disse, em uma entrevista, que havia se comprometido com Moro a indicá-lo para uma vaga como ministro do STF

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 13/05/2019 às 15:17
Antonio Cruz/ Agência Brasil
FOTO: Antonio Cruz/ Agência Brasil

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou, nesta segunda-feira (13), que não estabeleceu nenhuma condição para aceitar o convite do presidente Jair Bolsonaro para deixar a magistratura e assumir um cargo no governo federal. Segundo o ministro, o comando da pasta só lhe foi oferecido após Bolsonaro ter sido eleito, em outubro de 2018.

“Eleito, ele [Bolsonaro] anunciou publicamente o convite. Eu, então, fui à casa dele no Rio de Janeiro. Conversamos e eu não estabeleci nenhuma condição”, disse Moro.

Confira os detalhes na reportagem de Romoaldo de Souza:

De acordo com o ministro da Justiça e Segurança, pesou sobre sua decisão o fato de que ele e toda a equipe responsável pela Operação Lava Jato e por outras ações judiciais de combate à corrupção trabalhavam com “a perspectiva de que a nossa sorte um dia ia acabar e de que, a partir de determinado momento, o sistema passaria a nos impor uma série de derrotas, inclusive com mudanças de leis e que todo o nosso trabalho estaria perdido”. E acrescentou, “eis o motivo pelo qual, salvo engano, em 1º de novembro, eu aceitei o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública”.

“Não vou receber um convite e estabelecer condições sobre circunstâncias futuras que não se pode controlar. O que eu levei para o presidente é que [no cargo] eu queria trabalhar contra a corrupção, crime organizado e crime violento. E houve uma convergência de pautas, além de o presidente ter me dado carta branca para construir [a equipe do] ministério”, acrescentou Moro, destacando que a pasta está “repleta” de pessoas com quem ele trabalhou ao longo de seus 22 anos na magistratura.

Neste domingo (12), o presidente Jair Bolsonaro disse, em uma entrevista à Rádio Bandeirantes, que havia se comprometido com Moro a indicá-lo para uma vaga como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e que pretende cumprir o combinado.

“Eu fiz um compromisso com ele, porque ele abriu mão de 22 anos de magistratura. Eu falei: a primeira vaga que tiver lá, vai estar à sua disposição", disse Bolsonaro durante a entrevista. "Obviamente ele teria que passar por uma sabatina no Senado. Eu sei que não lhe falta competência para se aprovado lá. Mas uma sabatina técnico-política, tá certo? Então, eu vou honrar esse compromisso com ele, caso ele queira ir para lá. Ele seria um grande aliado não do governo, mas dos interesses do nosso Brasil dentro do STF", declarou o presidente.

Lava Jato

Moro disse que, embora ainda haja muito o que avançar em termos de aperfeiçoamento das leis e no combate à corrupção, é “inegável” que a Operação Lava Jato representou um avanço. “No passado, víamos escândalos de corrupção se sucederem, gerando grande indignação popular, mas, na prática, não víamos consequências nas cortes de Justiça. O que nós tínhamos era um cenário de impunidade e de grande corrupção”, disse o ministro, reconhecendo que a operação merece “eventuais críticas pontuais”. “Sempre há diferentes perspectivas a considerar.”

O ministro participou, esta manhã (13), em Curitiba, do Congresso Nacional sobre Macrocriminalidade e Combate à Corrupção, realizado pela Escola da Magistratura do Paraná (Esmafe) e Associação Paranaense dos Juízes Federais (Apajufe).