POLÊMICA

Divulgação de imagens: advogada acredita que Neymar não teve intenção de expor mulher

O jogador Neymar voltou a ser protagonista de mais uma polêmica ao ser acusado de estupro

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 05/06/2019 às 17:24
Foto: AFP
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Nos últimos dias, o jogador Neymar voltou a ser protagonista de mais uma polêmica. Dessa vez, o atleta é acusado por uma brasileira de estupro. Após a divulgação do boletim de ocorrência, o atacante expôs, em vídeo, fotos íntimas da mulher que o acusa. Segundo a mulher, o episódio aconteceu em 15 de maio em um hotel em Paris, onde o atacante mora. A doutora em direito processual penal Carolina Amorim, que é conselheira estadual da OAB Pernambuco, fala que, apesar do tempo, ainda é possível confirmar o crime.

Divulgação das imagens

O jogador do Paris Saint-Germain também é investigado pela Polícia de Crimes Virtuais do Rio de Janeiro por ter compartilhado imagens íntimas da mulher que o acusou de estupro. “Isso é crime desde setembro de 2018 através da Lei 13.718 (...) que é, dentre diversas condutas, a conduta de divulgação de cenas de nudez, sexo ou pornografia sem o consentimento da pessoa que foi fotografada ou filmada. Esse crime tem uma pena de um a cinco anos”, detalhou.

De acordo com a advogada, a pessoa que compartilha as imagens do tipo também está cometendo o crime.

“No caso de Neymar, ele teve o cuidado de desfocar as imagens e não divulgar o nome dela. Essa atitude dele, no meu entender, mostra que ele não teve o objetivo de praticar o crime, faltou a ele o dolo. A intenção dele era se defender e não praticar o delito de divulgar a imagem dela. Mas isso é algo que vai ser aferido durante a investigação”, apontou.

Investigação

Na segunda-feira (3), foi divulgado um relatório de um médico particular que avaliou a mulher no dia 21 de maio, seis dias após o episódio. No laudo estão relatados, entre outras queixas, hematomas e arranhões.

A especialista reforça a importância do laudo. “É possível que esse laudo já tenha caracterizado que essas lesões já estavam em processo de cicatrização. Teria que ter hematomas, arranhões e escoriações compatíveis com a data. Não poderiam ser lesões recentes (...) É claro que ainda que tenha havido essas lesões isso não comprova que houve estupro”, explicou.

A conselheira reforçou ainda que o fato da mulher ter trocado mensagens demonstrando interesse em manter relações sexuais com Neymar não descarta a possibilidade do estupro. “É importante deixar bem claro que o fato da moça ter trocado mensagens com Neymar antes do fato e ter demonstrado claramente que queria manter relações íntimas com ele por si só não inibe a conduta de estupro (...) Pode ser que na hora ele chegasse, como ela relata, bêbado e violento e ela tenha dito que não queria mais e ele continuou sob violência. A partir do momento que a mulher diz não, ela pode ser inclusive esposa do agressor, ele tem que parar”, alertou.

O laudo particular foi realizado em uma clínica do Hospital Albert Einstein
O laudo particular foi realizado em uma clínica do Hospital Albert Einstein
Reprodução/SBT

De acordo com a conselheira, a polícia investigativa vai colher outras provas para concluir o inquérito. “Filmagens das câmeras do hotel no qual ela estava hospedada, depoimento testemunhal de pessoas que podem ter ido buscar ela no aeroporto e tenham visto essas lesões ou que tenha ouvido o relato dela sobre o que foi, como foi o episódio”, disse.

Existe a possibilidade de ter um vídeo gravado dentro do quarto de hotel em que mostram supostamente que eles estariam discutindo e que o jogador estava agressivo. Sobre o material, a advogada fala sobre a utilização do conteúdo para comprovar o crime. “Se esse vídeo for claro, tiver imagens do estupro em si estaria provado que houve. Se só trouxer indícios, só mostrar as discussões anteriores à consumação, se é que houve, esse vídeo pode ser valorado sim pela polícia como um indício a mais de que houve esses fatos”, comentou