exame

Ex-presidente do Inep alerta para custo do Enem digital

Atualmente no Conselho Nacional de Educação, Maria Helena Castro vê digitalização do exame como passo necessário, mas é preciso ver os custos da mudança

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 04/07/2019 às 10:30
Valter Campanato/Agência Brasil
FOTO: Valter Campanato/Agência Brasil
Ex-presidente do Inep Maria Helena Castro
Ex-presidente do Inep Maria Helena Castro
Antonio Cruz/ Agência Brasil

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) vai deixar de aplicar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em papel a partir de 2026. A transição do papel para o computador vai começar em 2020 com um projeto-piloto para 50 mil candidatos de 15 capitais brasileiras.

Os planos do MEC são de que, em 2026, já não haja mais a prova impressa. Uma versão digital do Enem, como a anunciada pelo governo federal, é vista por especialistas como um passo necessário para aprimorar a prova, como avaliou Maria Helena Castro - conselheira do Conselho Nacional de Educação e ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – em entrevista ao Passando a Limpo da Rádio Jornal desta quinta-feira (4).

“Eu sou bastante favorável a essas mudanças, porque faz muitos anos já que os especialistas vêm discutindo alternativas ao modelo de Enem para torna-lo mais prático e mais acessível. O modelo atual é muito bom, é muito importante para os alunos, para a sociedade, mas ele é muito caro, demanda um esforço muito grande e o mundo inteiro está caminhando para as provas digitais. Então eu acho que é uma iniciativa importante.”

Maria Helena Castro, que já foi secretária-executiva do MEC, alerta para o custo do novo formato. Segundo o Ministério da Educação, o custo da aplicação do Enem digital em 2020 será de R$ 20 milhões.

“Minha pergunta principal é: o Ministério da Educação tem recursos para investir neste novo modelo? Porque esse novo modelo, no início, vai exigir um investimento grande e, ao mesmo tempo, garantir o modelo antigo funcionando, então significa aumentar o orçamento do Inep e do investimento do Enem. Espero que esse cuidado seja tomado”, afirmou.

Membra do Conselho Nacional de Educação, Maria Helena afirma que, apesar de achar a iniciativa positiva, existem questões mais urgentes a serem tratadas sobre o Enem.

“O que eu acho mais importante em relação ao Enem é rever a matriz de referência da prova, porque hoje a matriz do Enem, a que orienta a organização das provas, é uma matriz ainda muito próxima dos currículos mais antigos, mais tradicionais. Então, o que eu espero é que haja um investimento fortíssimo na qualidade do ensino, das nossas escolas, da valorização dos professores. O Enem é apenas o fim da linha, não é começo.”

O Enem digital em formato piloto em 2020 acontecerá nos dias 11 e 18 de outubro do ano que vem. Já o Enem regular acontecerá em 1º e 8 de novembro de 2020.

Confira a entrevista com Maria Helena Castro na íntegra: