TRATAMENTO

Acredito que ela vai tirar de letra, diz cirurgião sobre vítima de escalpelamento

O cirurgião plástico Olímpio Colicchio faz parte da equipe que está cuidando de Débora Dantas, que foi vítima de um escalpelamento no dia 11 de agosto

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 27/08/2019 às 16:34
Reprodução/Rádio Jornal
FOTO: Reprodução/Rádio Jornal

Transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Especializado de Ribeirão Preto, em São Paulo, a Débora Stefany Dantas de Oliveira, de 19 anos, evolui sem intercorrências após o procedimento cirúrgico realizado no sábado (24). Ela tem boa recuperação, está consciente e orientada.

Ela foi vítima de um escalpelamento no dia 11 de agosto quando o seu cabelo prendeu na engrenagem de um kart, enquanto o pilotava no estacionamento de um supermercado na Zona Sul do Recife.

Ainda segundo o hospital, o procedimento cirúrgico, realizado no sábado (24), contou com sete médicos e durou dez horas. A vítima do escalpelamento foi submetida a um retalho microcirúrgico para cobertura da calota craniana.

O cirurgião plástico Olímpio Colicchio Filho, que tem especialização em microcirurgia reconstrutiva e é diretor clínico do Hospital Especializado de Ribeirão Preto, falou sobre a cirurgia. Ele acredita que Débora vai tirar a situação “de letra”. “É uma paciente jovem, com muitos projetos de vida, muitos planos. É óbvio que o trauma abate, o efeito psicológico dessa deformidade atinge a pessoa, mas eu acredito que ela vai tirar isso tudo de letra porque ela tem uma força de vontade e uma vontade de viver muito grande”, contou.

Ouça a entrevista completa:

Recuperação e próximos procedimentos

Segundo doutro Olímpio Colicchio, o procedimento que Débora foi submetida no sábado é de grande porte e a recuperação leva cerca de 15 dias. “Até agora, ocorreu tudo muito bem. A gente acredita que a chance de complicação, a cada dia que passa, diminui bastante. E de 15 a 20 dias a gente deve realizar um enxerto de pele para fazer toda essa cobertura do músculo que está na calota craniana dela”, destacou.

A jovem ainda está com parte do crânio exposto. “A área de perda é muito grande. Não existe uma pele que você possa tirar para cobrir toda a calota craniana. A opção foi de usar, em primeiro momento, músculos porque havia ossos expostos e numa fase posterior você faz o enxerto de pele dando a cobertura definitiva”, completou.

Segundo ele, não há possibilidade de o cabelo da jovem nascer novamente. “Não há possibilidade de crescimento de cabelo, a partir do momento que você perde todo o couro cabeludo. A raiz do cabelo está na pele do couro cabeludo, se você perde, não tem como recuperá-la”, concluiu.

A jovem foi submetida a uma cirurgia para reconstrução das pálpebras e o procedimento ocorreu bem. A previsão para conclusão do tratamento é de dois anos.

Relembre o caso

O acidente com o escalpelamento ocorreu no dia 11 de agosto em uma pista de kart indoor no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. A jovem perdeu 100% do couro cabeludo.

O reimplante do couro cabeludo no Hospital da Restauração, no bairro do Derby, que foi realizado um dia após o acidente, teve que ser removido dias depois em decorrência de uma trombose. Ela foi transferira para o Hospital Especializado de Ribeirão Preto, em São Paulo, no dia 18 de agosto.

Na quinta-feira (22), Débora passou pelo procedimento para reconstrução das pálpebras já no Hospital Especializado de Ribeirão Preto.

No sábado (24), a vítima foi submetida a um retalho micro cirúrgico para cobertura da calota craniana. Ainda segundo o hospital, o procedimento cirúrgico contou com sete médicos e durou dez horas.