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Jovem morto em festa no Ibura é sepultado em Igarassu

William da Silva Melo, 19 anos, foi morto com um tiro no peito; Testemunhas afirmam que o disparo foi realizado por um policial

LOURENÇO GADÊLHA
LOURENÇO GADÊLHA
Publicado em 14/01/2020 às 15:06
Bruno Campos/JC Imagem
FOTO: Bruno Campos/JC Imagem

Sob forte comoção, o corpo do jovem William da Silva Melo, de 19 anos, que foi morto em uma festa na UR-1, no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife, no último domingo (12), foi sepultado na manhã desta terça-feira (14), em um cemitério particular localizado no município de Igarassu, no Grande Recife. Segundo testemunhas, o tiro que atingiu o rapaz no peito foi disparado por um policial, durante uma ação na festa em que ele estava. A Polícia Militar nega o ato.

Inconformados, parentes e amigos lamentaram a partida precoce do rapaz e pediram justiça. Um dos amigos de William, o jovem Jairiz Gomes contou que havia passado o dia com o amigo. "Passamos o dia todo se divertindo, tomando banho de piscina. Ele disse para mim que ia dormir, então a gente se despediu e ele ia para casa. Depois chegou a notícia que ele estava lá no UR-1, em uma festa. Não foi um baile funk, foi uma festa. Ali não tinha baile funk. Estava acontecendo a gravação de um clip e por isso juntou muita gente. A polícia já chegou atirando, sem querer saber de ninguém, com bala de borracha, bomba de gás, com tudo. Quem chegou com tumulto lá realmente foi a polícia", disse.

Já o irmão da vítima, Wendel da Silva Melo, afirmou que os policiais tentaram impedir o socorro de William. "O meu irmão foi tentar separar, para que a polícia não batesse em um rapaz e a polícia começou a atirar. Um tiro pegou nele. O pessoal foi tentar levar ele para o hospital e a polícia não deixou. Não sei explicar porque eu não estava no momento, mas não deixaram levar. Depois, quando foram levar ele, meu irmão já estava sem vida”, explicou.

Amparada a todo momento pela família, Joyce Firmino, mãe de William, espera uma resposta das autoridades. "Justiça. Foi uma bala de um policial, que todo mundo comenta, então eu quero justiça porque meu filho levou um tiro, os policiais não socorrem e não deixaram os amigos socorrerem ele", lamentou.

Nota da Polícia Militar

As versões apresentadas pelas testemunhas e pela Polícia Militar são divergentes. Em nota, a PM de Pernambuco deu seu relato do caso. Confira:

A Polícia Militar informa que, segundo apuração inicial feita junto à equipe de policiais deslocada para a ocorrência, e que não estava presente, no momento da confusão que vitimou um homem, no domingo, no Ibura. O efetivo, integrante do 19º BPM, participava, no bairro, da Operação Bar Seguro (que envolve a PM, Bombeiros e órgãos municipais), quando recebeu denúncia de que estava havendo uma briga, possivelmente, entre grupos rivais no local. Foi feito o deslocamento, mas os policiais encontraram a vítima já baleada, dentro de um carro particular que lhe prestava socorro. A viatura fez o acompanhamento em apoio para agilizar a transferência do rapaz para a Policlínica do bairro, enquanto outros militares permaneceram no local do crime aguardando a chegada da Polícia Civil, que ficará responsável pela investigação do caso, identificando as circunstâncias e a autoria do crime. Além de prematura, é irresponsável qualquer suposição ou acusação de autoria do disparo ou omissão de socorro, e inverídica qualquer semelhança com a situação apontada num fato, no Estado de São Paulo, onde temos na região em tela (Ibura e Cohab) redução de 43 % de CVLI (comparativo do ano de 2019 em relação ao ano de 2018 ), como também redução de 22% de CVP, no mesmo período.

Ouça a reportagem de Mônica Ermírio: