ACIDENTE COM KART

Débora Dantas confirma pedidos ao hipermercado: fiquei sem saber qual o preço dar pelo meu rosto

Débora Dantas, de 19 anos, afirmou que o Grupo Big parou de custear o seu tratamento após o acidente com kart que arrancou seu couro cabeludo

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 17/01/2020 às 18:20
Felipe Ribeiro/ JC Imagem
FOTO: Felipe Ribeiro/ JC Imagem

A jovem Débora Dantas, de 19 anos, vítima de um acidente com kart em agosto do ano passado, concedeu entrevista coletiva, na tarde desta sexta-feira (17), acompanhada do namorado, Eduardo Tumajan, e de seu advogado, Eduardo Barbosa. O Grupo Big, ex-Walmart, afirmou que nunca suspendeu o pagamento do tratamento da jovem e disse ainda que Débora, por meio de seu advogado, pediu benefícios sem relação com o tratamento, como o financiamento de um curso de Medicina na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Na entrevista, a garota justificou os pedidos.

Ela apresentou prints de conversas com uma representante do Grupo Big. “Como vocês viram nos prints, em nenhum momento eu disse que não queria me tratar, até porque eu não brincaria com a minha vida. Eu solicitei, caso fosse possível. Eu poderia ir para lá (Estados Unidos), como foi oferecido a mim. Eu pedi para que, se caso não aceitassem essa solicitação, que pelo menos eu fosse me tratar, porque eu não posso ficar sem me tratar, eu jamais colocaria minha vida em risco”, afirmou.

De acordo com a garota, a empresa nunca deu auxílio financeiro. “O que eles me mandavam eram os meus remédios que têm um custo semanal de R$ 500 e eu não estou mais recebendo essas medicações”, disse.

Sobre a informação de que teria feito recomendações que, supostamente, não fariam parte do seu tratamento, Débora Dantas confirmou que as fez de forma informal. "É como se você chegasse numa mesa para conversar com um amigo e dissesse: e aí? O que é que você quer? Eu não sabia. Eu não sou advogada (...) Eu fiquei sem saber qual o preço dar pelo meu rosto, meu couro cabeludo. Fiquei numa situação que eu não sabia. Eu estava em São Paulo, tinha acabado de sair do hospital, numa situação de euforia e ao mesmo tempo de dificuldade”, contou.

Na nota, o Grupo Big afirma que Débora Dantas pediu o "financiamento de curso preparatório de sua escolha, em qualquer lugar do mundo; financiamento do curso da Universidade de Medicina de Harvard". “Ela queria saber o que eu precisava para ter a minha vida de volta. Algo que pudesse reparar o dono. Eu disse que a primeira coisa que eu queria era estudar. O mínimo para mim é saúde, viver bem novamente”, justificou a garota.

Após a repercussão das declarações da jovem, Débora Dantas foi procurada pelo grupo há dois dias para falar sobre o atendimento. “Isso prova que, na verdade, não estava tendo esse atendimento”, voltou a denunciar. “A gente ainda está vendo a data específica com o doutor”, falou, ao responder sobre uma possível data para retomar o tratamento em Ribeirão Preto, em São Paulo.

Questionada sobre uma possível recomendação médica para continuar o tratamento nos Estados Unidos, como a jovem solicitou ao Grupo Big, ela lembrou que essa foi uma recomendação que recebeu logo após o acidente. “Inicialmente, meu tratamento seria nos Estados Unidos. Eu não fui porque não tinha passaporte. O médico da gente indicou para a gente ir para Houston. A segunda opção era ir para Ribeirão. Então, desde o início, já era uma indicação”, explicou.

Por fim, a garota lembrou que seu tratamento será para a vida inteira e lamentou pelo acidente que a vitimou. “Eu não vou passar por uma situação que vai se resolver em um ano ou dois. É um acompanhamento para toda vida porque pode ocasionar câncer de pele (....) Eu nasci sem problema nenhum de saúde. E isso me foi retirado, literalmente”, concluiu.

Entenda o caso

Na semana passada, a jovem Débora Dantas procurou a imprensa para denunciar que o Grupo Big, ex-Walmart Brasil, teria parado de custear suas despesas médicas. Em nota, a empresa afirmou ter sido surpreendido com declarações da jovem e seu advogado, que segundo a empresa, não correspondem à realidade. Segundo a rede de supermercados, declarações "não representam a conduta que o Grupo Big tem adotado desde o início".

Leia a íntegra da nota do Grupo Big:

"Em virtude da repercussão do acidente envolvendo Débora Stéfany Dantas de Oliveira, o Grupo Big esclarece que jamais se negou, nem se negará, a custear os procedimentos necessários à plena recuperação da sua saúde. A empresa recebeu com surpresa as manifestações dela e de seu advogado, que não correspondem à verdade nem representam a conduta que o Grupo Big tem adotado desde o início.

O acidente nas dependências do circuito Adrenalina Kart Racing, empresa desvinculada do Grupo Big, locatária do espaço onde operava o circuito. Independente de o fato ter acontecido em área usada por terceiro e, portanto, ser integralmente de responsabilidade deste, o Grupo Big prontificou-se a amparar Débora desde o primeiro momento, arcando com todos os custos de seu tratamento, sem medir esforços e sem nenhuma limitação de valores.

Até o momento, o tratamento foi realizado com êxito no Hospital Especializado de Ribeirão Preto, instituição referência em cirurgias de alta complexidade. Em outubro de 2019, foi concluída a primeira etapa do tratamento e iniciaram-se conversas entre o seu representante legal e o Grupo Big sobre a segunda etapa do tratamento, a se realizar ao longo de 2020.

Por intermédio do seu advogado, Débora então apresentou um lista de pleitos que não guardam nenhuma relação com o acidente ou com a sua saúde, como: financiamento de curso preparatório de sua escolha, em qualquer lugar do mundo; financiamento do curso da Universidade de Medicina de Harvard; custeio de plano de saúde internacional; casa em Longwood, nos EUA; e pagamento do valor de 10 milhões de dólares. Foi nessa oportunidade, ainda por meio do seu então advogado, que Débora sinalizou interesse em seguir com o seu tratamento nos Estados Unidos.

A consulta médica prevista para o dia 6 de janeiro no Hospital de Ribeirão Preto acabou, em razão desses fatos, não sendo confirmada por Débora, que sempre realizou os agendamentos de acordo com a sua conveniência.

O Grupo Big segue aguardando a definição de Débora a respeito da continuidade do seu tratamento em Ribeirão Preto, tendo em vista que a plena recuperação da sua saúde sempre foi prioridade da empresa. No entanto, as únicas manifestações por parte de Débora são aquelas veiculadas por meio da imprensa.

Em razão disso, o Grupo Big vem a público reiterar — como já havia feito diretamente a Débora — que não se nega, nem se negou, a seguir custeando totalmente o tratamento de Débora junto ao Hospital Especializado de Ribeirão Preto."