ESTUDO

Coronavírus: Pesquisador alega que ar condicionado pode ser um problema

O pesquisador pernambuco Ernesto Marques está desenvolvendo, nos Estados Unidos, uma pesquisa sobre o comportamento dos coronavírus

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 03/03/2020 às 17:50
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FOTO: Reuters / Direitos Reservados

Professor de doenças infecciosas da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, o virologista pernambucano Ernesto Marques está desenvolvendo uma pesquisa sobre o comportamento dos coronavírus. O estudo considera, inclusive, o novo tipo do coronavírus, o Covid-19, que já provocou a morte de mais de 3 mil pessoas pelo mundo e teve dois casos de pessoas infectadas confirmados no Brasil. Ele acredita que a forma como utilizamos ar condicionado pode ser um perigo para propagar o vírus.

Em entrevista ao programa Balanço de Notícias, nesta terça-feira (3), Ernesto Marques comentou a pesquisa. “Nós acabamos de submeter um projeto que a intenção é montar um novo sistema de vigilância mais sensível para detectar doenças emergentes e um dos focos principais é a detecção do novo coronavírus. No entanto, eu acho que na nossa perspectiva, para se entender bem o novo coronavírus você tem que entender muito bem os que já vêm circulando na população do mundo todo há várias décadas”, destacou.

Segundo o pesquisador, o estudo tenta entender se quem teve um dos coronavírus já conhecidos e foi infectado pelo Covid-19 desenvolve um quadro mais grave da doença. “As observações que existem hoje é de que as crianças com esse novo coronavírus apresentam menos sintomas, ficam menos doente e praticamente não se detecta doença nelas. Uma possibilidade é que justamente as crianças são muito mais expostas a infecções por coronavírus durante o período inicial da infância e talvez elas estejam mais protegidas”, apontou. “À medida que a pessoa vai envelhecendo ela passa a se contagiar menos com infecções respiratórios. É natural que a quantidade de anticorpos das pessoas com mais idade seja menor. Talvez isso seja uma das razões que leva a esse quadro [de Covid-19] mais exacerbado nas pessoas mais idosas”, completou.

De acordo com o pesquisador, o estudo desenvolvido por ele dá diretrizes de como a vacina para o coronavírus deve ser desenvolvida e que parâmetros deve ter para ser eficaz e segura.

Ar condicionado

Devido ao calor e o clima do Brasil, a utilização de ar condicionado é bastante comum. Para ele, a forma de uso do equipamento, aqui, pode ser um problema. “Normalmente o ar condicionado usado no Recife, ou a forma como são usados, o ar só recicla, não existe renovação de ar e os filtros nem sempre são limpos com a mesma frequência. Um ambiente fechado termina com o ar mais viciado e isso pode ser um fator grande para ajudar na transmissão das doenças. E um ambiente mais húmido ou, no caso, um pouco mais frio, ajude a preservar o vírus por mais tempo”, alertou.

O novo coronavírus

O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31 de dezembro do ano passado, após casos registrados na china. Ele provoca a doença chamada de coronavírus (Covid-19). Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), já são 3.043 mortes e 88.948 confirmados da doença no mundo. O Brasil tem 433 casos suspeitos e dois confirmados da doença. Há óbitos confirmados na China, Coreia do Sul, Itália, Estados Unidos, França e Irã.