SAÚDE PÚBLICA

Médico critica “comunicação dupla” no governo federal sobre coronavírus

Médico urgentista João Veiga reforça o pedido de que as pessoas devem seguir a orientação de isolamento social

LOURENÇO GADÊLHA
LOURENÇO GADÊLHA
Publicado em 30/03/2020 às 11:07
Foto: Arquivo/JC Imagem
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Em entrevista à Rádio Jornal nesta segunda-feira (30), o médico urgentista João Veiga criticou a “comunicação dupla” que está acontecendo no Governo Federal em meio a pandemia do coronavírus. Segundo o especialista, as pessoas não devem dar ouvidos às recomendações que não sejam orientadas pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

“O que está desfavorecendo a população é a comunicação dupla. A maior autoridade sanitária do país é o ministro da Saúde. A gente tem que seguir o que ele orienta. A população está sem norte. Todo mundo agora é especialista. A gente tem que seguir um norte. A pior coisa que está acontecendo nessa pandemia do coronavírus é que não temos um norte”, disse João Veiga.

De acordo com o médico, além dos idosos e pessoas com comorbidades, aqueles que têm obesidade mórbida ou tabagismo correm um grande risco sanitário. "É uma virose que para uns nem vão sentir, outros terão que ser internados em UTI e as pessoas mais suscetíveis, por causa da idade ou doença, podem morrer. A obesidade mórbida e o tabagismo é uma coisa que é muito ruim, pode piorar muito a saúde do paciente, mesmo ele não sendo idoso, mas se ele é obeso mórbido ou tabagista, corre quase o mesmo risco de uma pessoa que é idosa”, alertou.

João Veiga analisou a estrutura dos hospitais do interior de Pernambuco. Para ele, as unidades de saúde regionais não tem condição de tratar os pacientes em estado grave. "Conheço quase todas cidades do interior de Pernambuco e não tem condição de tratar paciente grave. A estrutura do estado tem hospitais regionais que tem condições de tratar pacientes até chegar a UTI. O único hospital regional que tem uma UTI é o de Arcoverde, com sete leitos. A rede do estado é muito bem distribuída. Hoje o Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, tem 50 leitos de UTI e pode receber os pacientes dessas Geres”, esclareceu.

Ele ainda pediu uma testagem rápida nos profissionais de saúde."Toda vez que o profissional de saúde tiver sintoma de virose, que possa ser testado para o coronavírus. O que acontece hoje é que se eu sair de casa e começar a espirrar, tenho que voltar para casa e ficar sete dias isolado sem saber se é uma virose comum ou se é o coronavírus. Esse profissional vai fazer falta na emergência. Todo profissional de saúde que tenha sintomas gripais deveria fazer o teste para a gente excluir ou não ele da rotina de trabalho", concluiu.

Ouça a entrevista na íntegra: