SAÚDE

Psicólogo alerta para impacto do isolamento em crianças com autismo

As crianças com autismo são muito apegadas à rotina e o isolamento causado pela pandemia do coronavírus mudou o dia a dia de todo mundo

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 02/04/2020 às 16:14
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FOTO: Reprodução/Internet

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo é lembrado nesta quinta-feira (2). O transtorno do neurodesenvolvimento infantil é caracterizado por dificuldades na interação social, comunicação, comportamentos repetitivos e interesses restritos.

O autismo pode apresentar também sensibilidades sensoriais, dependendo do grau do transtorno. As crianças autistas são muito apegadas à rotina, ir ao médico, à escola, ter contato com os mesmos professores por exemplo, mas em tempos de isolamento social devido a covid-19, não é possível ter o dia a dia como de costume e isso acaba afetando essas crianças.

O coordenador de atendimento ao autista e neuropsicólogo do sistema Hapvida, Carol Costa Junior, explica o que pode ocorrer devido a mudança de hábitos. “Em alguns casos a gente diz até que ele desorganiza. Ou seja, ele começa a apresentar um comportamento estereotipado. Alguns ficam rodando no próprio eixo, demonstram agressividade, um comportamento de se balançar, balançar as mãos, vários gritos”, detalha.

A criança do espectro autista deve ser acompanhada por equipes multidisciplinares, que ajudam no tratamento e desenvolvimento.

As equipes são formadas por psicólogo ou neuropsicólogo, psicomotricista, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, entre outros.

Dicas para amenizar impacto

Como a pandemia impede o contato direto dos pacientes com esses profissionais, o neuropsicólogo Carol Costa Junior detalha algumas soluções. “O que estamos fazendo é, muitas vezes, gravando vídeos e mandando para a casa da criança. E nesse vídeo aparece o terapeuta da criança, com que ela já tem um vínculo”, disse.

Mesmo com a ajuda dos profissionais, às vezes é realmente difícil a quebra da rotina para uma criança autista, o que pode deixá-las nervosas e irritadas.

O neuropsicólogo dá algumas dicas de como amenizar o impacto causado nas crianças no confinamento. “O interessante é que conhecendo esse individuo a gente saiba o que mais o acalma, o objeto que traz mais tranquilidade, o que conforta. A maioria dos autistas tem um grande apego com a água. Ficar embaixo do chuveiro acalma bastante, colocar uma piscininha com água e ficar supervisionando também acalma”, detalhou.

Amor, carinho e paciência são importantes nos cuidados de uma criança autista, principalmente, nessa época de pandemia do coronavírus.