Tensão

"A Polícia Federal não deveria estar numa situação de desproteção", diz presidente da associação de delegados da PF

Edvandir Paiva se diz preocupado com as constantes trocas na direção da Polícia Federal

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 24/04/2020 às 9:56
Agência Brasil
FOTO: Agência Brasil

Em entrevista ao Passando a Limpo nesta sexta-feira (24), o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, disse estar preocupado com a situação do órgão após a exoneração de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral. Segundo ele, a saída de Aleixo já estava prevista desde o ano passado, mas que essas trocas não seriam benéficas para a PF.

"A repercussão é imensa, mas já era uma troca esperada desde o ano passado, mais cedo ou mais tarde isso ocorreria. Nós nos preocupamos com a Polícia Federal, que não deveria estar numa situação de desproteção. Não há instituição que consiga desenvolver seus trabalhos com tranquilidade com tantas trocas no comando sem a mínima previsão e institucionalidade”, avalia.

Segundo Edvandir, a desproteção vivenciada pela Polícia Federal acontece por causa da falta de autonomia do órgão.

“É uma instituição que não tem autonomia e não tem sequer um mandato previsto para o seu diretor-geral, a exemplo de várias polícias no mundo, como o FBI nos Estados Unidos. Nós vamos agora para o 4º diretor-geral em três anos. É necessária a aprovação de uma legislação no Congresso nesse sentido. O novo diretor que vai ser nomeado nos próximos momentos certamente não terá garantia que ficará e poderá cair na próxima crise que vier pela frente", afirma.

Sergio Moro

Ainda de acordo com o presidente da ADPF, a indicação do substituto de Maurício Valeixo para o cargo de diretor-geral da instituição será decidida por uma escolha política entre o presidente e o próprio ministro.

"Nós não temos nome ideal. A decisão do ministro e do presidente da República é uma escolha política. O ministro Moro, por mais que seja um técnico, um histórico maravilhoso pelo trabalho que fez na Justiça Federal, a partir do momento que ele aceitou ser o ministro da Justiça, ele se tornou um político. Então a escolha do ministro a gente deixa para o mundo político avaliar", finaliza.

Ouça a entrevista na íntegra: