Em entrevista à Rádio Jornal nesta segunda-feira (4), o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo afirmou que não vê a democracia brasileira em risco com os recentes ataques de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro às instituições democráticas do país. Segundo Rebelo, apesar de jovem, a democracia brasileira passou por provações que o fortaleceram.
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"A nossa democracia está preparada para esses solavancos. Numa sociedade complexa, difícil e desigual como a nossa, ela vai passar por solavancos importantes. Isso é a prova que ela está funcionando. Nós temos um momento difícil na vida do país, que não começou hoje. Há três ou quatro anos, tivemos uma presidente da República impedida do cargo. Antes disso também tivemos Collor. Então nossa democracia tem passado por essas provações e tem dado o testemunho que consegue sobreviver à essas dificuldades e, por isso, não acho que o Brasil esteja ameaçado no fundamento do exercício democrático", disse.
O ex-ministro também afastou a possibilidade de um possível golpe diante de um quadro ministerial composto por diversos militares.
"O que temos no governo são militares na reserva ou licenciados. Não há militares que comandam uma tropa, os que estão ali, comandam um gabinete. Os militares que comandam tropas estão nos quartéis, nos batalhões, nas suas unidades. Eu creio que esses não estão interessados em política porque quando se envolveram, não conseguiram sair mais. Eles querem cuidar da sua vida funcional. Não vão querer se meter em política para tomar conta de déficit fiscal, de reforma da previdência.. Eles não estão interessados nisso. O silêncio tem sido uma política desses chefes militares, o que é o mais prudente neste presente momento".
Segundo Rebelo, o ambiente dentro das Forças Armadas é regido por dois princípios: disciplina e hierarquia. Por isso, ele não acredita que isso seja descumprido em nome do presidente Jair Bolsonaro.
“O ambiente dentro das forças armadas só funciona por meio da disciplina e a hierarquia. Sem isso, a força armada não funciona. Não acredito que isso esteja ameaçado, mesmo que Bolsonaro seja um homem querido e admirado entre os graduados, que são os integrantes não oficiais. Na época de deputado ele cuidou dos sargentos, dos soldados.. Mas eu não creio que essas instituições sejam ameaçadas pela quebra desses dois princípios em nome do presidente”, afirmou.
Ouça a entrevista na íntegra: