Em entrevista ao Passando a Limpo nesta terça-feira (19), o cientista do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jones Albuquerque, defendeu as medidas de isolamento adotadas pelo Governo de Pernambuco, apontando o distanciamento social como a principal medida de combate a proliferação do coronavírus. Ele também alertou para o uso de medicações sem o devido acompanhamento dos médicos.
"Nesse estágio, a única medida comprovada que funcionou foi ficar em casa. Isso tem funcionado na Índia, por exemplo. Não temos remédio ou vacinas. As drogas devem ser experimentadas? Sim, mas em um ambiente controlado, com um médico do lado, porque se a pessoa entrar em arritmia ou ataque cardíaco, vai ter alguém para socorrer. Não pode fazer o uso dessas medicações em casa", explicou.
"A gente tem que ficar em casa quietinho e se distanciar. A covid-19 vai passar entre a gente. Uma ponte é construída com pilares, porque se for com muros, é derrubado. O muro somos nós hoje. Com todo mundo junto, a correnteza vai derrubar. A gente deve se separar, igual aos pilares de uma ponte”, completou Jones.
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De acordo com o cientista, o estado apresenta uma curva oscilante, com os números de mortes alternando entre os dias. “Estamos no ápice e tem uma curva a ser atingida, mas a tendência é oscilante. Ou seja, quando sai 112 óbitos em um dia e no outro sai 80, a gente tende a pensar que está caindo, mas isso não é verdade. A covid-19 não funciona assim. O perigo é alcançar o ápice e ficar lá, como foi em outros países como Itália e Espanha. Por isso as medidas do governo pedindo pra gente ficar em casa", afirmou.
Jones apontou também que a população precisará aprender a conviver com o coronavírus até que surja uma vacina. "A gente teve a dengue e aprendeu a conviver com ela. Até hoje tomamos os cuidados necessários para evitar a contaminação da dengue. Covid vai ficar com a gente. Ou aprendemos a controlar ela agora, ou não vamos aprender e vai ter muitos óbitos", disse o cientista.
Ouça a entrevista na íntegra: