CORONAVÍRUS

'Vamos usar máscaras no próximo ano. Não tenho a menor dúvida', afirma professor da UFPE

O professor Glauss Cordeiro foi enfático ao afirmar sobre o uso da máscara em 2021 por conta do coronavírus

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 30/05/2020 às 14:46
Bruno Campos/TV Jornal
FOTO: Bruno Campos/TV Jornal

O professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Pernambuco e PhD em estatística pelo Imperial College, Gauss Cordeiro, afirmou que as previsões mostram que até o final do ano o Brasil terá 110 mil mortes causadas por conta do novo coronavírus. De acordo com ele, os impactos da pandemia se estenderão até 2021, quando ainda usaremos máscara para prevenir a infeção.

“Nós vamos usar máscaras no próximo ano. Não tenho a menor dúvida. Nós vamos chegar com 110 mil mortes em dezembro, esse é o valor esperado, em dezembro desse ano. Não estou sendo pessimista. Estou sendo realista”, afirmou o professor.

Nas projeções do professor Gauss Cordeiro, até o dia 1º de junho, Pernambuco deve alcançar 2,8 mil a 3 mil óbitos por covid-19.

Lockdown

Segundo o estatístico, enquanto ainda não se tem vacina contra o coronavírus, nem mesmo um tratamento específico para evitar complicações da covid-19, o isolamento social é sim considerado a alternativa mais eficaz para combater a pandemia.

“O lockdown é a única forma de combater a pandemia no momento que nós estamos com a curva de mortes ascendente. O lockdown salva vidas por conta do nosso sistema precário de saúde. Pernambuco tem 97% a 98% dos leitos de UTI ocupados. Sem o lockdown, as pessoas vão adoecer, vão ficar contaminadas, chegar nos hospitais, que vão estar fechados e elas vão morrer”, destacou.

Subnotificação

O professor alerta para a dificuldade de entender o cenário real da pandemia no Brasil. Segundo ele, o fato da subnotificação ser alta, por conta da falta de testes, faz com que o único parâmetro para entender com propriedade o que se passa no país seja o acompanhamento do número de mortes. “Casos confirmados não indicam nada porque temos uma subnotificação muito grande. No Reio Unido, as estimativas apontam que para cada caso confirmado tinham 19 infectados. Aqui é muito mais. Com a subnotificação dos testes, nós podemos ter para cada caso confirmado, mais de 50”, alertou.

De acordo com o professor, apenas quatro países no mundo ainda apresentam um crescimento acentuado em relação às mortes, são eles: Brasil, México, Rússia e Índia, tendo o Brasil liderando essa estatística.

Desigualdade social afeta

O estatístico Gauss Cordeiro comenta que as desigualdades no país e antigos problemas sociais vão ficar cada vez mais aparentes e que são esses fatores que dificultam o cumprimento das regras do isolamento social no país. “O lockdown funciona para as famílias de renda mais abastada, classe média e casse alta. Como é que você vai fazer lockdown num apartamento de 40 metros² que moram quatro ou cinco pessoas.