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Vereadora propõe que carnaval de 2021 do Recife seja cancelado por conta da pandemia

A vereadora recifense Michele Collins entrou com pedido do cancelamento a prefeitura do Recife

Com informações do JC Online
Com informações do JC Online
Publicado em 25/07/2020 às 17:36
 Carlos Lima / Portal da Prefeitura do Recife
FOTO: Carlos Lima / Portal da Prefeitura do Recife

A pandemia da covid-19 que já dura cerca quatro meses no Brasil, foi responsável pelo “cancelamento” de todos os grandes eventos de 2020. E a crise sanitária já mostra sinais de mirar também o que viria a acontecer no ano de 2021. Nesta sexta-feira (24), a cidade de São Paulo anunciou oficialmente o adiamento do Carnaval, um dos feriados mais queridos pelos brasileiros, para julho de 2021. No mesmo dia, a vereadora Michele Collins (PP) entrou com pedido a prefeitura do Recife, por meio de requerimento, para que o Carnaval do Recife também seja cancelado por conta da covid-19.

A pauta deve ir ao plenário nos próximos dias e a parlamentar acredita que terá apoio dos seus pares. Em entrevista ao Jornal do Commercio, Collins reforçou que a expectativa é de que o pedido seja aprovado. “É uma matéria muito importante. Não podemos aglomerar em um momento em que a saúde está em risco. Não podemos pagar para ver. Pernambuco já passa dos 80 mil casos confirmados”, disse.

O Carnaval é a maior festa do calendário recifense. Os dias de comemoração do feriado movem com a economia da cidade inteira - de vendedores ambulantes e artistas até o turismo. Ou seja, cancelar o Carnaval, também é preciso pensar nas pessoas que dependem dos festejos para obter seus sustentos.

De acordo com a vereadora, uma solução nesse caso seria a promoção de um auxílio para estes profissionais. “Estamos entrando também com um pedido de auxílio às pessoas que trabalham no carnaval como artistas, empreendedores, do ramo da alimentação e turismo para ajudá-los nesta situação”, esclareceu.

A vereadora espera ainda que os programas de auxílio para trabalhadores informais e profissionais da cultura, já lançados durante a pandemia, sejam estendidos aos profissionais que dependem do Carnaval para a geração de renda. "A gente espera que esses programas sejam reforçados para que haja um plano de assistências para essas pessoas. O Recife é uma referência no Carnaval para o Brasil e para o mundo, mas o momento é de solidariedade, de compreensão, de dar as mãos e ajudar essas pessoas a passar por esse momento", acrescentou.

O pedido de Michele Collins é para que o evento seja cancelado. Sobre um possível adiamento, ela afirmou ao JC que essa decisão deve ser tomada em acordo com os avanços da ciência. "Eu entendo que enquanto não houver uma vacina ou um tratamento específico (para a covid-19), deve ser evitado, principalmente esse (o Carnaval) que reúne milhões de pessoas. Deve ser bem analisado, bem pensado, é uma questão de saúde pública. Ver qual o melhor caminho. O ideal é que haja segurança para que as pessoas estejam reunidas a qualquer tempo", argumentou.

Ponto de vista epidemiológico

Dentro da visão sanitária do assunto a ideia da vereadora Michele Collins estaria correta.
foi o que afirmou o cientista do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Jones Albuquerque. “Epidemiologicamente pensando, na visão sanitária, a vereadora está correta".

2021

No proximo ano, o Carnaval aconteceria no mês de fevereiro. De acordo com as projeções do LIKA, neste período, se ainda não houver vacina, Pernambuco poderá estar contabilizando novos casos e óbitos causados pela covid-19. "Verdade seja dita, os óbitos estão caindo, mas muito pouquinho. Assumindo que a gente vai continuar nesse ritmo, vamos chegar perto dos patamares que estávamos quando tivemos o Carnaval desse ano (com baixos números de casos e mortes), apenas em junho. Então fevereiro não é a hora para essa festa", afirmou. "A não ser que a gente tenha as promissoras vacinas e até dezembro esteja começando a vacinar, podemos até usar o Carnaval como incentivo sanitário para vacinar. Seria excelente, 'se vacine para brincar o Carnaval'. Mas no estado que estamos hoje, iria junto com a vereadora", completou Jones Albuquerque.