Educação

Muitos jovens podem desistir da escola por causa da pandemia, avalia secretário-geral da Fundação Roberto Marinho

Wilson Risolia afirmou que existe um grande perigo de jovens de baixa renda desistirem da educação por causa da pandemia; por ano, cerca de 575 mil jovens desistem de estudar no Brasil

Carol Coimbra
Carol Coimbra
Publicado em 07/08/2020 às 10:18
Divulgação/Prefeitura de Garanhuns
FOTO: Divulgação/Prefeitura de Garanhuns

Em entrevista ao Passando a Limpo desta sexta-feira (7), o secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, Wilson Risolia, falou das consequências que a pandemia do novo coronavírus têm causado à educação brasileira. Ele explicou a pesquisa feita pelo Instituto Roberto Marinho com ao Insper chamada de “Indicadores de consequências da violação do direito à educação básica.”

“O que nós queríamos que a sociedade, de modo geral, soubesse o que era o custo de não formar uma criança e um jovem da educação básica. Muitas jovens engravidam muito cedo, as cadeias têm uma quantidade imensa de jovens de até 29 anos. Muitas crianças, muitos jovens, a gente perde para o crime, isso é muito triste. Isso nós sabemos, nós vemos, mas não quantificamos. Então essa pesquisa, ela trouxe isso. Qual é o real custo disso, qual a consequência financeira disso já que a social a gente conhece?”, indagou.

Já sobre a discussão da volta às aulas, Risolia acredita que algumas providências precisam ser tomadas, como o apoio emocional aos estudantes, principalmente aqueles da rede pública que não têm os mesmos privilégios que os das escolas privadas. Segundo ele, é preciso cuidados para os jovens, depois dessa pandemia, não desistirem dos estudos.

“Se é que teve alguma coisa boa durante essa crise, o que é quase impossível de ver, é que ela escancarou essa desigualdade que o País tem entre ricos e pobres e brancos e negros, entre regiões do Brasil e nas escolas. Então, o terceiro setor teve uma união muito forte para que o setor público tivesse apoio. Nós concluímos que, ao retornar, essa criança, esse jovem precisa ter muito apoio emocional. Essa escola tem que ser preparada com práticas compatíveis com o momento da volta. É muito pouco provável que se retorne pelo menos nessa fase de transição, com uma escola como nós tínhamos antes, necessariamente você precisa ter outra dinâmica de aula, outra prática de aula. Então qual o desafio hoje, que se fala muito e é por conta disso que a gente sente muito quando a gente sabe que muitas crianças não conseguem ter acesso a uma boa internet. O ideal era que essa criança e jovem, eles não perdessem essa relação com a escola. Nós sabemos que não é fácil, mas esse é um grande esforço que é preciso fazer antes da volta, e na volta muito apoio emocional, muito foco naquilo que for necessário recuperar.”

O secretário-geral ainda falou sobre a quantidade de jovens que desistem da educação básica no País.

“O número de jovens que não terminam a educação básica chegou a 575 mil por ano. Com a pandemia, esse número certamente vai aumentar”, afirmou.

Confira a entrevista na íntegra: