Ao anunciar, nesta terça-feira (11), a liberação da primeira vacina contra o novo coronavírus, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que uma de suas filhas já foi vacinada. O país se tornou o primeiro do mundo a liberar uma vacina contra o coronavírus e a declará-la pronta para uso, apesar do ceticismo internacional.
De acordo com a agência de notícias AP, Putin ressaltou que a vacina passou pelos testes necessários e se mostrou eficaz, oferecendo imunidade duradoura ao coronavírus. Porém, cientistas do mundo inteiro têm alertado que a pressa em começar a usar a vacina antes dos testes de Fase 3 - que normalmente duram meses e envolvem milhares de pessoas - pode sair pela culatra.
Leia também: Universidade de Brasília e HUB iniciam teste de vacina contra covid-19
Covid-19: Fiocruz vai produzir 100 milhões de doses de vacina contra a doença
Mais quatro centros vão iniciar testes com vacina chinesa no Brasil
O presidente russo, em contrapartida, disse que a vacina passou por testes adequados e é segura. “Sei que tem se mostrado eficiente e forma uma imunidade estável, e gostaria de repetir que passou em todos os testes necessários”, disse ele. “Devemos ser gratos àqueles que deram esse primeiro passo muito importante para nosso país e para o mundo inteiro.”
O líder russo deu detalhes da imunização de uma de suas duas filhas adultas, que recebeu duas injeções da vacina. Putin disse que sua filha tinha uma temperatura de 38º C no dia da primeira injeção da vacina e caiu para pouco mais de 37º C no dia seguinte. Depois da segunda injeção, ela teve novamente um ligeiro aumento de temperatura, mas depois se estabilizou.
“Ela está se sentindo bem e tem um grande número de anticorpos”, acrescentou Putin. Ele não especificou qual de suas duas filhas - Maria ou Katerina - recebeu a vacina.
O Ministério da Saúde da Rússia, em comunicado nesta terça-feira, alegou que a vacina deve fornecer imunidade ao coronavírus por até dois anos. Putin enfatizou que a vacinação será voluntária.
Grupos de risco
Profissionais da área médica, professores e outros grupos de risco serão os primeiros a serem vacinados na Rússia. A vice-primeira-ministra Tatyana Golikova disse que a vacinação dos médicos pode começar já neste mês.
Na reportagem da agência de notícias, o professor Alexander Gintsburg, chefe do Instituto Gamaleya, que desenvolveu a vacina, disse que a vacinação acontecerá paralelamente aos testes de Fase 3. Ele disse que inicialmente haverá apenas doses suficientes para realizar a vacinação em até 15 das 85 regiões da Rússia, de acordo com a agência de notícias Interfax.
Autoridades russas disseram que a produção em grande escala da vacina começará em setembro e a vacinação em massa pode começar já em outubro.
Casos na Rússia
Até esta terça-feira (11), a Rússia registrou 897.599 casos de coronavírus, incluindo 15.131 mortes.
Quando a pandemia atingiu o país, Putin ordenou que as autoridades estaduais reduzissem o tempo dos testes clínicos para vacinas potenciais contra o coronavírus.