Economia

“As finanças públicas do Brasil estão no seu limite”, diz economista

Sérgio Buarque acredita que a situação econômica do país está perto de um colapso

Carol Coimbra
Carol Coimbra
Publicado em 17/08/2020 às 10:56
Agência Brasil
FOTO: Agência Brasil

Em entrevista ao Passando a Limpo desta segunda-feira (17), o economista Sérgio Buarque repercutiu o comentário do professor e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura, Antônio Delfim Netto. Em suas redes sociais, neste final de semana, Netto publicou a seguinte frase: “Se violar o teto de gastos, destrói o país.” De acordo com Sérgio Buarque, o comentário do ex-ministro foi uma forma de obter atenção para a situação atual das finanças públicas no Brasil.

“Não é exagero, é uma forma dramática dele chamar atenção de que as finanças públicas do Brasil estão no seu limite. E destacar que a definição de um teto de gastos, neste momento, é a única coisa que ainda dá confiança aos agentes econômicos, aos investidores, que dá confiança à sociedade de que ainda temos condições de evitar inflação, evitar cair em uma recessão maior no futuro, sair dessa recessão que a gente está agora porque ela indica que nós vamos ter condições de recuperar as finanças públicas. Qual é o grande problema? É que tem alguns gastos correntes que são crescentes, que tem uma inércia de crescimento que ninguém controla, porque está estabelecido em algumas regras do passado. A previdência melhorou muito com a reforma, mas ainda temos, nos próximos anos, uma tendência ao aumento da despesa com a previdência e salário de servidor público também, que só fez crescer nesse tempo todo. Então, isso vai pressionando o conjunto das finanças públicas, que já tinha antes de 2019 déficit, que agora vai crescer muito, vai fazer com que no futuro as finanças públicas entre em colapso”, afirmou.

Buarque ainda falou da quantidade de gastos com salários da previdência no país. “A questão do teto é criar essa norma reguladora, que obriga aqui dentro entre as diversas presas que estão planejadas um entendimento na sua melhor distribuição. O que a gente não pode ter é um crescimento ineficaz de gastos públicos, salários de previdência que vai anular as outras despesas todas. Então, quer investir, mas não tem, porque o orçamento está sendo comido com salários da previdência. Essa é a norma, se a gente abrir isso aí, vamos entrar em uma crise, com um agravante, é que a política contamina de um jeito e a uma tendência populista no presidente da República que está satisfeito que está ganhando mais prestígio com a distribuição da emergência e vai querer gastar, já tem uma pressão para investir muito mais”, acrescentou.

Confira a entrevista na íntegra: