Violência

Vice-prefeito de Olinda é sequestrado e deixado em canavial no Cabo

Márcio Botelho afirma que foi agredido e ameaçado de morte por homens dentro de carro; um dos suspeitos foi preso

Priscila Miranda
Priscila Miranda
Publicado em 19/08/2020 às 6:54
Reprodução/Rádio Jornal
FOTO: Reprodução/Rádio Jornal

O vice-prefeito de Olinda, Márcio Botelho, foi alvo de um sequestro na noite desta terça-feira (18) em Olinda. O crime aconteceu quando o vice-prefeito dirigia o próprio veículo e foi abordado por três homens encapuzados na comunidade da Ilha do Rato, no Bairro de Jardim Atlântico, em Olinda. Com ele no carro, os criminosos seguiram em direção ao Litoral Sul de Pernambuco.

Durante o percurso, o Márcio Botelho foi agredido e ameaçado o tempo todo. Ele foi deixado em um canavial do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. Pouco tempo depois, a polícia conseguiu interceptar o veículo através do GPS.

Três suspeitos conseguiram fugir. Um deles foi preso: João Felipe Oliveira Lopes, de 22 anos, foi levado pelo Grupo de Operações Especiais (GOE). O delegado Paulo Berenguer recebeu o caso e autuou o suspeito em flagrante.

“Nós estamos diante de um roubo triplamente qualificado, no caso pelo uso da arma de fogo, restrição de liberdade da vítima e pelo concurso de duas ou mais pessoas em concurso material com resistência uma vez que, no momento da prisão em flagrante, ele reagiu à abordagem policial e houve a necessidade do uso de força necessária. Então, a gente está autuando por resistência.”

Ainda de acordo com o delegado, a polícia acredita que a ação tinha como objetivo roubar o carro do vice-prefeito. “Nesse caso, pelas características do fato, a gente verifica que o objetivo era roubar o carro, uma caminhonete Fiat Toro, e seguiram na execução do crime até o fim.”

Botelho contou os momentos de pânico vividos nas mãos dos criminosos.

“Fui abordado por três indivíduos. Entraram no meu carro, já me abordaram com um soco no rosto e pediram para eu entrar no chão do carro. E tinha outro indivíduo num Gol que foi seguindo o carro da gente. Então, a todo momento, eles estavam dizendo que iam me matar. Perguntavam se eu era policial, quem eu era, eu falei que pra eles que era advogado criminal, não falei da minha condição de vice-prefeito, e eles sempre dizendo que ia me matar. Por um momento, eu pensei que eles iriam me matar dentro do carro mesmo. O tempo foi passando, eles me ameaçando, e foi entrando no canavial. Uns cinco minutos depois deles entrarem no canavial, na pista de barro, eles colocaram um capo na minha cabeça, pediram para eu descer e ajoelhei no chão. Pediram a senha do meu cartão de crédito, do cartão do banco e a senha do celular. Prontamente eu dei as senhas para eles, eles anotaram e apontaram de novo o revólver na minha cabeça dizendo que iam me matar ali. Aí um deles me levantou e disse ‘fica calmo, se tu não reagir a gente não vai te matar’. Me empurrou e pediu para eu correr sem olhar para trás. Eu corri uns 10 minutos, caindo em lama e levantando, teve uns momentos que eu cheguei com água na cintura, e no escuro eu não sabia onde que eu estava. Eu fui me guiando pelo barulho dos carros. Vi que, mais de meia hora depois, perdido no canavial, tinha uma estrada que levava para a BR-101. Então foi aí que eu fui para o meio da estrada e pedi ajuda. Passou um motorista de aplicativo, viu, pediu para eu levantar a camisa, eu disse que tinha sido assaltado e ele me levou até Prazeres.

Ouça a reportagem de Adúlccio Lucena: