PANDEMIA

Coronavírus: 1º caso comprovado de reinfecção reforça importância de respeitar medidas sanitárias

Em Hong Kong, um homem testou positivo duas vezes para o novo coronavírus em um intervalo de quatro meses

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 24/08/2020 às 17:46
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Foi confirmado o primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus no mundo, segundo estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Microbiologia da Universidade de Hong Kong. Se trata de um homem. Ele teve duas infecções do vírus em um intervalo de quatro meses. A descoberta científica reforça a importância de respeitas as medidas sanitárias para evitar a infecção pelo novo coronavírus.

"Pessoas que já tiveram, que testaram positivo para o vírus. também precisam ter cuidados com uso de máscara, higiene e distanciamento social. Isso não vai imunizar você de tomar esses cuidados", alertou o biólogo e doutor em ciências biológicas Marx Lima.

Ele explica o que foi percebido nesse caso. “Esse paciente é um homem, de mais ou menos 30 anos, quatro meses atrás ele teve o vírus, teve complicações, chegou a ser hospitalizado e nesse processo ele testou positivo para a vírus via RT-PCR, que é o teste mais recomendado. O vírus dele foi isolado e sequenciado, ou seja, a gente conhece o material genético do primeiro vírus que ele teve. Ele foi passar um período na Espanha e voltou para Hong Kong via Reino Unido. Existe um protocolo agora em Hong Kong em que as pessoas que chegam precisam ser testadas. E aí ele foi testado novamente e testou positivo via PCR de novo. O pessoal isolou o vírus dele e viu que esse vírus era diferente do primeiro. Agora a gente tem um caso clássico de reinfecção cientificamente comprovado”, detalhou.

Apesar da diferença, o especialista explica que os dois vírus são o mesmo coronavírus causador da pandemia. “Os cientistas analisaram os dois vírus e viram que eles possuem 27 mutações. Ou seja, o material genético do coronavírus possui 30 mil bases e a diferença entre o primeiro e o segundo era de apenas 27 mutações, só que essas mutações eram em regiões cruciais para o vírus. Isso permitiu separar ele em dois grupos. É o mesmo coronavírus, mas de populações diferentes. Primeiro vírus que ele pegou é mais próximo do vírus que circula nos Estados Unidos e o segundo é mais próximo do que o que circula na Suíça”, afirmou.

Apesar da situação, o biólogo diz que não há motivos para pânico. “É importante dizer que não há motivo para pânico, a princípio. Os outros coronavírus já são capazes de reinfectar. A imunidade do nosso corpo aos outros coronavírus não dura mais que dois anos, então era esperado que esse fosse fazer o mesmo. Outra coisa que é importante dizer é que esse paciente foi assintomático para a segunda infecção. A primeira infecção foi bem séria já segunda ele estava assintomático. Provavelmente isso indica que a primeira infecção o protegeu da segunda”, destacou.

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização.
  • Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
  • Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.