PANDEMIA

Infectologista diz que retomada das aulas em Pernambuco está sendo feita de maneira errada

O distanciamento social, o uso de máscaras e os protocolos de higiene são indispensáveis na retomada das aulas em Pernambuco

Yuri Nery
Yuri Nery
Publicado em 22/09/2020 às 17:49
Acervo JC Imagem
FOTO: Acervo JC Imagem

Após quase sete meses sem aulas presenciais por causa da pandemia da covid-19, o retorno às atividades nas escolas de Pernambuco já tem data marcada. Mas, para o infectologista Gabriel Serrano, a fiscalização do cumprimento dos protocolos é um problema e o Estado está fazendo esse retorno de maneira errada.

“A gente precisaria ter uma estrutura muito bem adequada e o Estado parece que não está, às vezes, olhando muito isso. Tem muita coisa voltando sem o Estado prestar atenção. Você não vê uma fiscalização acontecendo do jeito que deveria, como a gente vê em outros lugares do mundo (...) O Estado faz bem em liberar em alguns locais, mas ele não precisaria liberar para todo mundo. É liberar onde fosse possível. O negócio é que ele está fazendo isso errado e no momento errado. Ele precisaria fazer mais exames. A gente faz muito pouco exame”, comentou.

Os alunos do ensino médio serão os primeiros a voltarem para às salas de aula, começando com os estudantes que estão no 3º ano do ensino médio, a partir do dia 6 de outubro, do 2º ano, para o dia 13 de outubro, e 1º ano no dia 20 de outubro. As aulas dos ensinos infantil e fundamental seguem suspensas. As informações foram divulgadas pelo Governo do Estado nesta segunda-feira (21).

Segundo o infectologista, o cronograma não permite uma análise dessas liberações. “Não dá tempo nem de você ver o dado epidemiológico e o impacto daquela liberação que você fez. Isso deveria acontecer por mês”, afirmou.

De acordo com Gabriel Serrano, a retomada das aulas nas unidades de ensino de Pernambuco deve considerar e analisar o comportamento da covid-19 em diferentes localidades. “A gente primeiro tem que saber que na hora de voltar é preciso ter uma realidade epidemiológica favorável. A gente não pode voltar a qualquer lugar, a qualquer momento, porque a gente sabe que o número de infectados e a taxa de contágio na Região Metropolitana, por exemplo, podem não ser os mesmos do interior do Estado em alguns momentos (..) Quando tem uma taxa de contágio baixa, a chance dessa transmissão acontecer na escola é menor. Todos os cuidados devem ser somados à uma realidade epidemiológica diferente”, disse.

Medidas sanitárias

Reduzir a capacidade de alunos ou revezar os dias de aula presencial por turmas é uma possibilidade para reduzir os riscos de disseminação do novo coronavírus entre os alunos neste momento. Mas o distanciamento social, o uso de máscaras e as condutas de higiene são indispensáveis, explica o infectologista.

“A gente precisa dessas três principais medidas. Tem que ter higiene, distanciamento e uso de máscara. Não se pode abrir mão do uso de máscara. Todo mundo tem que usar máscara. Para estar na escola, tem que estar de máscara. Uma forma de fazer o distanciamento em uma sala de aula é manter os alunos a dois metros de distância, em média, um do outro, e de preferência com portas e janelas abertas para que se possa ter o ar circulando naquele ambiente. Aquelas gotículas maiores, que poderiam passar pela máscara, que já é muito raro passar, vão passar em uma quantidade muito pequena. E elas não vão a mais de dois metros”, recomendou.