VIOLÊNCIA

Brasil registra alta de 7,1% no número de mortes violentas intencionais no 1º semestre de 2020

Em 2019, os números de mortes violentas intencionais foram de 24.012 em todo o país, no mesmo período

Yuri Nery
Yuri Nery
Publicado em 20/10/2020 às 15:58
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O número de mortes violentas intencionais no Brasil cresceu 7,1% no primeiro semestre de 2020. É o que revela o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta segunda-feira (19). No período, 25.712 mortes foram registradas, contra 24.012 do ano passado. O que representa uma pessoa assassinada a cada 10 minutos durante a pandemia de covid-19, mesmo com isolamento social imposto pelo risco da circulação do novo coronavírus. Pernambuco representa 11,8% do total observado. Para a coordenadora executiva do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP), coordenadora da plataforma Fogo Cruzado em Pernambuco e representante da Rede Observatório da Segurança no estado, Edna Jatobá, a violência foi na contramão do que se era esperado.

“Mesmo com a pandemia, quando a gente esperava, com menos pessoas nas ruas, com menos circulação, que a situação das mortes por violência diminuíssem, mas a situação não melhorou. Ao contrário, ela piorou”, disse.

Ocorrências com armas de fogo

A coordenadora da plataforma Fogo Cruzado em Pernambuco, que monitora de maneira colaborativa os dados de violência armada nas Regiões Metropolitanas das cidades de Recife e do Rio de Janeiro, destaca o aumento do registro de ocorrências envolvendo arma de fogo durante a pandemia.

“Pela plataforma de dados do Fogo Cruzado, que a gente acompanha e monitora, a gente observou um crescimento impressionante no número de pessoas baleadas, mortas e feridas por arma de fogo dentro de suas residências. Então isso mostra também que a violência não dá alternativa e ela não descansa, mesmo com a pandemia em vigência”, comentou.

A relação entre o aumento no registro de armas e as mortes violentas

O documento, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra ainda que entre os meses de janeiro e agosto deste ano, foi constatado um aumento de 120,3% no registro de armas para caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) no Brasil, em comparação ao ano de 2019, quando foram registradas cerca de 226 mil armas. Em 2020 esse número subiu para mais de 496 mil. Edna Jatobá explica que embora não haja a comprovação por meio de estudos na relação do aumento de mortes violentas no país com a elevação dos registros de armas, não é difícil fazer essa comparação.

“Aproximadamente 70% desses assassinatos acontecem por via da arma de fogo. Então não é difícil fazer essa essa conotação. Imaginar que mais armas em circulação, mais munições em circulação, a facilitação desse vetor na sociedade, a uma tendência também maior da ocorrência de disparos, de assassinatos e de crimes violentos letais, como lesão corporal seguida de morte, como latrocínio, como o próprio feminicídio”, alertou.