A realização de um curso online de combate ao racismo, organizado pela Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco (Amepe), fez com que 34 juízes e juízas do estado assinassem um manifesto contra o evento. Eles alegam “infiltração ideológica" no tratamento de "causas sociais" conduzidas pela organização. Uma cartilha com expressões racistas ainda usadas no dia a dia, lançada este mês por causa do Dia da Consciência Negra, celebrado no último dia 20, também teria motivado o manifesto dos magistrados. As informações foram publicadas na coluna da jornalista Fabiana Moraes, no portal de notícias do Uol. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), Bruno Baptista, aponta que tratar o racismo como questão ideológica é preocupante.
“Isso representa uma minoria dos magistrados, são 34 que assinaram. Somente filiados à associação são 505 (...) mas o que nos preocupa é o tratamento do racismo como algo que tem um viés ideológico. Quando na verdade não é. É uma questão de humanismo. E humanismo é uma coisa muito importante para quem julga (...) e é muito importante que todos nós sejamos antirracistas”, disse.
A importância do debate
Para o presidente da OAB-PE, trazer o racismo para o centro do debate é de extrema importância na luta contra as diversas formas de preconceito racial que estão enraizadas na sociedade brasileira.
“O debate sobre o racismo deve ser posto em todos os locais e a todo tempo. É muito importante trazer isso. Se não fosse o debate sobre o racismo, hoje o país seria muito mais racista do que já o é. E nós não podemos negar o racismo existente. Nós temos aí um racismo institucionalizado, nós temos um racismo já entranhado na sociedade. E somente com debate sobre esse tema que a gente pode diminuir”, destacou.
Negação
Bruno Baptista afirma que ir contra a realização de ações que promovem o combate ao racismo é uma maneira de desacreditar da existência do problema.
“Eu acredito que é uma negativa da existência (...) O que se colocou na nota é que não se apoia essa divisão das pessoas em brancos, negros, homens, mulheres. Que todos são seres humanos. Mas eu acho que a gente, para reconhecer o problema e para enfrentar o problema, é preciso em primeiro lugar fazer esse recorte”, finalizou.
Confira a íntegra da entrevista com presidente da OAB-PE: