- "Os ônibus voltam ao normal. A greve está suspensa", diz o presidente do Sindicato dos Rodoviários Aldo Lima
- Diretor da CDL reclama que greve dos rodoviários atrapalhou o comércio natalino
- Urbana-PE diz que greve de ônibus é injustificável e acredita em normalização a partir de quinta (24)
- Segundo dia da greve de ônibus tem movimento um pouco maior de coletivos no Recife
- Greve de ônibus tem início no Grande Recife
Essa quinta-feira (24), véspera de natal e o primeiro dia após suspensão da greve de motoristas e cobradores de ônibus na Região Metropolitana do Recife, o movimento nas ruas é mais tranquilo. Os transtornos para os passageiros parece menor. Nos entornos da Praca do Derby, por exemplo, às 6h já havia a movimentação dos coletivos de diversas linhas, e a quantidade de pessoas aguardando eram poucas. No entando, nos terminais integrados do Grande Recife, a situação está diferente, os ônibus disponíveis não estão dando conta da quantidade de usuários. A situação gerou filas, aglomerações e tumultos.
Na Conde da Boa Vista, ligação do bairro do Derby ao Centro da cidade do Recife, a movimentação estava tranquila, paradas vazias e ônibus passando com frequência. No entanto, por conta do feriado natalino a situação pode mudar e a movimentação vir a crescer. Apesar da pandemia, muitas pessoas ainda devem ir até o Centro da Cidade realizar as últimas compras de natal.
Natal
De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários, o feriado do natal foi uma das principais motivações da suspensão da greve da categoria. "Nós propusemos esta suspensão em respeito à população, para que neste dia de Natal, minimamente tenham a condição de conseguir fazer suas compras. Claro que o direito de greve é garantido, e lógico que nós respeitamos sim o direito do percentual de frota, mas a gente entende que suspender a greve neste momento dá ao trabalhador, ao usuário do transporte público, um Natal menos caótico naquilo que se refere ao transporte público." disse Aldo em entrevista à reportagem do JC.
Movimentação de ônibus na véspera de natal no Grande Recife:
Suspensão
A greve dos motoristas e cobradores de ônibus do Grande Recife está suspensa, pelo menos até a próxima segunda-feira (28), quando haverá julgamento do dissidio da categoria. A decisão da suspensão foi do Sindicato dos Rodoviários. A data que ocorre o julgamento foi determinada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6a Região (TRT 6a Região), após a audiência de conciliação entre rodoviários, empresários de ônibus e com a presença de representantes do governo de Pernambuco, ter sido um fracasso na manhã dessa quarta-feira (23), dia marcado pelo segundo dia do movimento. A principal motivação da greve foi a dupla função para motoristas que passaram a acumular a função também de cobradores.
Força
A paralisação dos rodovoários, teve início na terça-feira (22) e vinha demonstrando uma força com pouco mais de 48% da frota de coletivos nas ruas (no primeiro dia não passou de 35%). Alguns fatores pesaram para a decisão da categoria: a determinação da Justiça do Trabalho para que fossem garantidos 50% da frota de ônibus nos horários de pico e 30% no resto do dia durante a paralisação, a multa de R$ 100 mil por cada dia de descumprimento, e a proximidade do feriado de Natal, quando o número de deslocamentos naturalmente é reduzido na Região Metropolitana do Recife, o que enfraquece a força de uma greve. O fato de a Urbana-PE estar utilizando o quadro reserva de motoristas também pesou.
Reivindicações
Os rodoviários cobram o fim da dupla função para motoristas, que passaram a acumular a função que era exercida pelos cobradores. A categoria também cobram o pagamento de reajuste retroativo de salários, repasse de vales de alimentação e garantia de emprego de seis meses.
Necessidade de Suspensão
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, falou sobre a suspensão da greve. De acordo com ele, era preciso a movimentação ser suspensa, já que não houveram avanços na audiência de conciliação. A estratégia dos rodoviários foi, diante da falta de perspectiva de um acordo sobre a dupla função de motoristas e o retorno dos cobradores aos coletivos, evitar um desgaste com a população. O mesmo vale para a Justiça do Trabalho.
"Avaliamos que o momento era de suspender o movimento, já que não houve qualquer avanço na audiência de conciliação. Mais uma vez o governo do Estado se omitiu e reforçou o que já vínhamos dizendo, que cometeu um estelionato eleitoral com a categoria. Fizeram um acordo diante da Justiça do Trabalho e o descumpriram totalmente, sem qualquer constrangimento", afirmou Aldo.
O presidente ainda revelou que não quer que a população fique contra a categoria. Segundo ele, os passageiros mesmo sofrendo diante da situação tem apoiado o movimento dos rodoviários.
“Não queremos que a população fique contra os motoristas e cobradores, até porque o passageiro também sofre com a dupla função e a retirada dos cobradores. Mesmo sofrendo, temos visto que eles estão apoiando o movimento. Agora, vamos apostar na decisão da Justiça. Esperamos que o TRT se posicione diante do descumprimento do acordo feito diante dele, no dia 23/11, quando suspendemos a greve programada para o dia seguinte porque o governo de Pernambuco assumiu o compromisso de exigir o fim da dupla função de motoristas e a volta dos cobradores", destacou.
Audiência
Apesar da suspensão do movimento dos motoristas e cobradores nesta quarta-feira (23), a audiência de conciliação mediada pela Justiça do Trabalho mostrou o quanto a relação entre rodoviários, empresários de ônibus e o governo de Pernambuco está difícil, ou seja, sinal de que novas novas manifestações acontecerão em breve.
A reunião foi tensa, pesada e repleta de ataques mútuos. O fim da dupla função de motoristas e a volta dos cobradores aos coletivos da RMR foram o ponto central da negociação, como já se era esperado “É muito triste estar aqui novamente, o mesmo lugar onde fizemos um acordo para evitar a greve anterior e que foi totalmente descumprido. O sentimento da categoria é de indignação, revolta e descrença. A Urbana-PE, ao assumir que tinha entrado com a ação de inconstitucionalidade contra a lei da dupla função antes mesmo da mediação do dia 23 de novembro, demonstrou má fé, deixou claro que foi para a reunião com a clara intenção de descumprir o acordo", atacou a advogada dos rodoviários.