A pandemia da covid-19 provocou transformações no mundo inteiro durante o ano de 2020. E foi em uma velocidade praticamente incalculável que inúmeros acontecimentos marcaram o fim da segunda década do século XXI, entre eles as discussões que cercam as questões da igualdade racial, pauta extensamente debatida ao passo que crianças, adolescentes e adultos negros tiveram suas vidas interrompidas pelo racismo. A advogada e presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), Manoela Alves, menciona alguns indicadores que situam a vulnerabilidade enfrentada por essa parcela da população durante a pandemia.
“Quando a gente fala de uma pandemia, a gente está diante de um contexto de caos na área da saúde. Quem é a principal população que se utiliza do SUS (Sistema Único de Saúde)? É a população negra. Quando a gente fala, por um exemplo, nesse contexto, em que a gente viu que as comunidades periféricas foram as mais atingidas? Quem é a grande maioria que mora nas periferias? É a população negra”, disse.
Vidas negras importam
A advogada também ressalta a empatia como ferramenta de extrema importância para construção de um caminho que possibilite a equidade racial na sociedade.
“A gente ouviu muito falar isso, principalmente nas redes sociais, sobre ‘vidas negras importam’. E por que a gente ouviu tanto falar disso (...), quando muita gente diz que todas as vidas importam? A gente sabe que todas as vidas importam. Mas quando a gente fala de um contexto de vulnerabilidade, as vidas negras são mais vulneráveis”, disse.
Manoela Alves explica que o fato de afirmar que as vidas negras importam “não anula a importância da vida de pessoas brancas”. Na verdade, isso “significa dizer que o Estado precisa de um olhar diferenciado para a população negra”, acrescentou.
Confira a íntegra da entrevista com a advogada Manoela Alves: