Paralisação

Greve dos Caminhoneiros em fevereiro: confira o que se sabe até agora

A notícia de uma paralisação, como a Greve dos Caminhoneiros de 2018, já se espalhou pelo país. Veja o que se sabe até agora

Karina Costa Albuquerque
Karina Costa Albuquerque
Publicado em 28/01/2021 às 8:12
Acervo/JC Imagem
FOTO: Acervo/JC Imagem

A possibilidade de uma paralisação, semelhante à greve dos caminhoneiros no Brasil, em 2018, vem sendo amplamente discutidas pelas entidades ligadas à categoria, o Governo Federal e os cidadãos.

Todos os dias, surge uma novidade, seja uma nova entidade que aderiu ao movimento ou alguma ação do governo para tentar combater a greve dos caminhoneiros.

O que se sabe é que a greve dos caminhoneiros já tem uma data provável e confirmações de entidades com um grande número de caminhoneiros. Confira abaixo um balanço do que foi dito, até agora, sobre a possível nova greve dos caminhoneiros.

 

ANTB e CNTRC

A Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB) apoia uma nova greve de caminhoneiros. Em entrevista ao SBT News, o representante da entidade, José Roberto Stringasci - que também é integrante do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), grupo composto mais de 40 mil caminhoneiros em São Paulo e com representação em diversos estados do Brasil - afirmou que a categoria se articula para uma nova interrupção nas atividades, a partir de fevereiro e por período indeterminado.

 

No Twitter, a CNTRC postou diversos vídeos, nesta quinta-feira (28), após apelo do presidente Jair Bolsonaro para não haver uma nova greve dos caminhoneiros, afirmando que a greve vai começar no dia 1º de fevereiro, próxima segunda-feira.

 
 
 

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Mais 800 mil apoiam a greve

A possível greve de caminhoneiros marcada para a próxima semana ganhou apoio de uma importante entidade da classe. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL) disse que apoia o movimento, que vem sendo convocado por grupos menores, insatisfeitos com o governo Bolsonaro.

A CNTTL tem cerca de 800 mil motoristas associados e orientou todos a aderirem ao movimento paradista. A previsão é que a greve tenha início na próxima segunda-feira, dia 1º.

Para o porta-voz da CNTTL, o caminhoneiro autônomo, Carlos Alberto Litti Dahmer, presidente do Sinditac (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga) de Ijuí-RS, e vice-presidente da CGTB, a categoria não "suporta mais tanta exploração e a insensibilidade do Governo Bolsonaro e do Supremo Tribunal Federal (STF) referente à agenda de reivindicações, que está parada há três anos (2018 a 2021)".

Ele ainda falou sobre o problema dos reajustes e prometeu uma greve, na próxima semana.

“Lamentável o reajuste da Tabela do Piso Mínimo de Frete, realizada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Tivemos um reajuste de 2,51% que é ínfimo. Só para se ter ideia o preço do pneu teve aumento nos últimos três meses de mais de 60%, seja nacional ou importado. Até hoje, não tivemos o julgamento do Piso pelo STF. Não podemos suportar essa situação. Hoje temos um piso mínimo da fome. Para nós inconstitucional é a fome e a exploração. Vamos dar um basta nisso. Vamos cruzar os braços no dia 1º de fevereiro", destaca Litti.

Bolsonaro apela

O presidente Jair Bolsonaro apelou, nessa quarta (27) para que não haja uma nova greve dos caminhoneiros. "Reconhecemos o valor dos caminhoneiros para a economia do Brasil. Apelamos para eles que não façam greve, porque todos nós vamos perder, todos, sem exceção. Agora, a solução não é fácil, estamos buscando uma maneira de não ter mais este reajuste", disse, após reunião no Ministério da Economia.

Na terça (26), a Petrobras reajustou o preço médio do diesel nas refinarias em 4,4% e há especulações sobre uma greve de caminhoneiros, que aconteceria na próxima segunda-feira (1º).

“A Petrobras segue uma planilha, tem a ver com preço do petróleo lá fora, tem a ver com variação do dólar. Ontem foi boa notícia, o dólar baixou R$ 0,20. Estamos estudando medidas, agora, não tenho como dar uma resposta de como diminuir impacto, que, na verdade, foram nove centavos no preço do diesel”, disse, ressaltando que não interfere na política de preços da empresa.

De acordo com o presidente, está em estudo a diminuição do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), impostos federais que incidem sobre os combustíveis. O impacto da renúncia aos cofres da União, segundo ele, é de R$ 800 milhões por cada centavo reduzido. Para Bolsonaro, é importante que os governadores também reduzam o ICMS, imposto estadual.

“Para cada centavo do preço do diesel, aproveitando nós queremos diminuir no caso PIS/Cofins, equivale a buscarmos em outro local R$ 800 milhões. Então, não é uma conta fácil de ser feita. Agora, o diesel está num preço razoável nas refinarias, mas até sair da refinaria e chegar na bomba de combustível tem ICMS, imposto que é o mais caro que tem sobre o combustível no Brasil, tem a margem de lucro, tem transportadores, tem muito monopólio no meio disso. Estamos buscando alternativas mas não são fáceis”, disse.

Protesto

Motoristas de caminhão protestaram nessa quarta-feira (27), em São Paulo, contra o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O protesto foi de manhã e começou na Praça Charles, em frente ao estádio do Pacaembu. De lá, os caminhoneiros se movimentaram até as proximidades do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e indo também para as marginais Tietê e Pinheiros.

O número de pessoas que participaram do protesto não foi divulgado.

No ano passado, o governo paulista aprovou um pacote de ajuste fiscal, alegando que isso seria necessário para cobrir um déficit estimado de R$ 10,4 bilhões em 2021, resultado da queda de atividade econômica e da perda de arrecadação motivadas pela pandemia do novo coronavírus. Para aumentar a arrecadação, uma das medidas previstas no pacote, aprovado em outubro, era a redução linear dos benefícios fiscais concedidos a setores da economia.

No início deste mês, o governo acabou suspendendo as mudanças nas alíquotas do ICMS para medicamentos genéricos, insumos agropecuários e produção de alimentos, mas manteve as mudanças para os demais setores.

Em nota, o governo de São Paulo considerou o protesto “uma manifestação de caráter político” e disse que vem negociando com os setores desde o ano passado.

“A redução de parte de benefícios fiscais da iniciativa privada é uma medida necessária para garantir a continuidade de serviços públicos fundamentais, como a distribuição da merenda diária de mais de 3.5 milhões de alunos, o pagamento dos 110 mil policiais do estado e o funcionamento 5 mil escolas e 100 hospitais estaduais. Desde o ano passado, o governo do estado conversa com o setor de carnes e aves sobre a redução de benefícios fiscais em caráter emergencial e temporário”, diz a nota.

Pedidos acatados

Após ameaça de uma possível paralisação organizada pelos caminhoneiros em fevereiro - a 2º proposta pela categoria, desde a greve dos caminhoneiros de 2018 - e sob forte apelo dos principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, o governo cedeu ao pedido de que os caminhoneiros fossem aceitos como grupo prioritário, junto com indígenas, idosos e profissionais da linha de frente da saúde, para receber a vacina contra a covid-19. O novo plano nacional foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Além da medida que prioriza os caminhoneiros na fila da vacina, o presidente Jair Bolsonaro ainda suspendeu a cobrança de taxa de importação de 16% para os pneus. Uma decisão do Camex (Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior), ligado ao Ministério da Economia.

Paralisação igual ou maior que a greve dos caminhoneiros de 2018

A Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB) projeta uma nova greve de caminhoneiros. Em entrevista ao SBT News, o representante da entidade, José Roberto Stringasci - que também é integrante do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), grupo composto mais de 40 mil caminhoneiros em São Paulo e com representação em diversos estados do Brasil - afirmou que a categoria se articula para uma nova interrupção nas atividades: "Estamos nos mobilizando em nível Brasil sim, para fazer a paralisação".

O Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) é composto por 22 entidades. Stringasci diz que o apoia a paralisação nacional. "Acredito que seja igual à paralisação de 2018 ou maior".