Pandemia do novo coronavírus

Mais de 90% dos pacientes de covid-19 internados em UTIs do RN usaram Ivermectina, denuncia infectologista

Ivermectina é um medicamento usado para tratamento de piolho e que presidente da República defende para curar pacientes de covid-19

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 23/02/2021 às 12:40
Bobby Fabisak/JC Imagem
FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem

Mais de 90% das pessoas internadas com covid-19 em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) do Rio Grande do Norte tomaram Ivermectina, segundo a médica infectologista Marise Reis, membro do comitê científico do RN. O medicamento não é recomendado pelas principais autoridades de saúde do mundo, mas é defendido por alguns políticos como tratamento para a covid-19.

“Essa defesa nesse momento é um acinte. É um acinte ao conhecimento médico, ao conhecimento científico. É inaceitável", afirmou Marise, que também é professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em entrevista ao jornal Bom Dia RN, da InterTV Cabugi. “Mais de 90% dos doentes que estão internados nas nossas UTIs fizeram uso de ivermectina. Então significa que ela não é capaz de fazer o que se promete”, alertou.

A especialista reforça que não há nenhuma comprovação científica de que a Ivermectina ajude no tratamento ou prevenção contra a covid-19. “Não adianta a população, as pessoas, se esconderem por trás de um comprimido de ivermectina, achando que ele vai te proteger. Não vai. A literatura já é clara em relação a isso. Não há evidências de que esse medicamento protege contra a Covid. Então, o apelo que nós fazemos é: não tome remédio e saia por aí achando que você não vai adoecer". A própria fabricante do medicamento também já reforçou que a Ivermectina não é capaz de ajudar no combate à covid.

Pandemia no RN

No Rio Grande do Norte, cerca de 90% dos leitos estão ocupados na Região Metropolitana de Natal. A governadora, Fátima Bezerra (PT), confirmou que pacientes foram enviados para o interior do Estado.

O prefeito de Natal, Álvaro Dias, assim como o presidente da República, Jair Bolsonaro, defende o uso do medicamento que não tem nenhuma eficácia contra a doença.