Pandemia do novo coronavírus

Vai morrer muita gente na fila sem oxigênio, prevê médico de Serra Talhada, no interior de Pernambuco

Segundo o médico, interior não tem estrutura nem equipe qualificada para atender pacientes com covid-19

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 09/03/2021 às 7:28
Bobby Fabisak/JC Imagem
FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem

O médico sanitarista Luiz Aureliano demonstrou profunda preocupação com o agravamento da pandemia do novo coronavírus no interior de Pernambuco. Em entrevista ao Passando a Limpo da Rádio Jornal, o médico, que trabalha em Serra Talhada, no Sertão do Estado, disse que pessoas “vão morrer na fila, sem oxigênio”.

“A situação [no interior de Pernambuco] é muito grave, está piorando no Brasil todo. É desesperador. Vai morrer muita gente na fila, em maca, sem oxigênio, sem respirador. As novas cepas estão sendo responsáveis por quase 50% das infecções. Está pegando jovens que estão nas ruas”, disse o médico na entrevista que foi veiculada na segunda-feira (8).

O médico também fez críticas à condução do governo federal na pandemia. “Não existe coordenação do governo federal. O coitado desse general do Ministério da Saúde [Eduardo Pazuello, ministro da pasta] já não é da área, já não conhece e ainda não tem autonomia para resolver nada para não desagradar o descerebrado da Presidência da República”, comentou.

Situação em Serra Talhada

“A situação aqui em Serra Talhada é preocupante. Estou isolado. Estou louco pra ver minha filha caçula que mora no Recife e não a vejo mais. O mais grave é que a grande maioria vai para o tubo e não sai. Mais de 60% não sai. Não temos quadros preparados, como médicos intensivistas, a quantidade de leitos e a qualidade dos profissionais não estão preparados para isso”, disse, acreditando que, até o final de março, o país deve chegar à marca de três mil mortes por dia.

Na segunda-feira, a prefeitura de Petrolina, maior cidade do Sertão, anunciou que a taxa de ocupação nos leitos da cidade já atingiu a marca de 100%.

Confira a entrevista na íntegra: