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'Fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos', diz Lula após ter condenações da Lava Jato anuladas

Em discurso na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Paulo, o ex-presidente Lula também criticou Jair Bolsonaro

Robert Sarmento
Robert Sarmento
Publicado em 10/03/2021 às 14:01
Reprodução/Youtube/Lula
FOTO: Reprodução/Youtube/Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou pela primeira vez depois de ter todas as condenações suspensas pelo Superior Tribunal Federal (STF). A decisão do ministro Edson Fachin fez com que Lula recuperasse os direitos políticos, ou seja, permite que ele seja elegível. Durante o discurso que durou 1 hora e 23 minutos, nesta quarta-feira (10), o petista afirmou que foi a 'maior vítima da maior mentira jurídica do Brasil'.

"Eu sei que fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de História", disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o discurso na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, em São Paulo.

As investigações ao ex-presidente ligadas à Lava Jato ficam sob responsabilidade da Justiça do Distrito Federal, pois o ministro Edson Fachin considerou que a 13ª Vara de Curitiba, no Paraná, não tinha competência para julgar casos do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e do Instituto Lula.

Crítica ao atual governo federal

No discurso, Lula também comentou sobre a atual situação do Brasil e criticou as atuações do governo de Jair Bolsonaro em várias frentes do país, como a saúde, economia e o setor de alimentação.

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“Esse país não tem governo, esse país não tem ministro da saúde, esse país não tem ministro da economia, esse país tem um fanfarrão, um fanfarrão, um presidente que por não saber de nada diz ‘é tudo por conta do Guedes’. Enquanto isso, o país está empobrecido, o PIB caiu, a massa salarial caiu, o comércio está enfraquecido, o comércio varejista caiu, a produção de comida das pessoas está ficando insustentável. E o presidente não se preocupa com isso”, afirmou Lula sobre o atual presidente Jair Bolsonaro.

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Além dessas críticas, Lula também prestou solidariedade às famílias que perderam pessoas para a covid-19 e aos que estão desempregados. No entanto, repetiu que o país 'não tem governo' e voltou a questionar os atuais líderes.

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“Esse país está totalmente desordenado e desagregado porque não tem governo. Vou repetir: esse país não tem governo, esse país não cuida da economia, esse país não cuida do emprego, do salário, da saúde, do meio ambiente, da educação, do jovem, da meninada da periferia. Ou seja, do que eles cuidam?”, questionou o ex-presidente Lula.

 

Decisão sobre anular condenações de Lula

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) adiou a decisão que pode declarar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro na condução dos processos que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato. Após os votos dos ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski a favor da suspeição, Nunes Marques pediu vista do processo e o julgamento foi suspenso. A data da retomada ainda não foi definida.

“É preciso que o sistema acusatório seja integralmente preservado. A partir da revelação desses fatos, nós vamos ter que fazer uma profunda reforma na Justiça criminal. Esse modelo de investigação, o papel do próprio Ministério Público. Ou fazemos isso ou instalamos um sistema totalitário”, afirmou o ministro Gilmar Mendes.

Saída da prisão

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a sede da Polícia Federal de Curitiba, onde esteve preso por 580 dias, em 2019, devido a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a prisão após condenação em 2ª instância. Com isso, o advogado de defesa, Cristiano Zanin, protocolou o pedido de soltura na Justiça Federal e o juiz federal Danilo Pereira Junior determinou a soltura do ex-presidente.