Covid-19

Remdesivir é eficaz? O que se sabe sobre o primeiro medicamento aprovado contra covid-19 no Brasil?

De acordo com a Anvisa, remdesivir é seguro. Em novembro, OMS havia desaconselhado o uso do medicamento

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 12/03/2021 às 10:46
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou na manhã desta sexta-feira (12) que liberou o registro do Remdesivir. Este é o primeiro antiviral que tem na bula a informação de que combate o sars-cov-2, o novo coronavírus, a ser autorizado pela Anvisa. O que se sabe sobre este medicamento?

De acordo com a Anvisa, o remdesivir deve ser usado em pacientes hospitalizados. Portanto, a primeira informação que precisa ficar clara é que a Anvisa não fez nenhuma orientação para utilização do medicamento como forma de prevenção. Se trata de uma droga injetável, que deve ser usada em pacientes com, pelo menos, 40kg, de acordo com a Agência.

O remdesivir é produzido pela farmacêutica Gilead Sciences. Em agosto de 2020, o medicamento foi aprovado em caráter emergencial pela Food and Drug Administration (FDA), órgão que é equivalente à Anvisa nos Estados Unidos.

A FDA aprovou o uso do medicamento para tratamento de casos severos de covid-19. O medicamento foi, inicialmente, criado para combater o Ebola, mas não apresentou eficácia contra a doença.

De acordo com a revista Veja, em um estudo com 1.063 casos graves da covid-19, o remdesivir diminuiu em 31% o tempo de internação para os pacientes que receberam o medicamento. Metade do grupo recebeu o remdesivir e metade, placebo. De acordo com os defensores do remdesivir, isto pode ajudar a reduzir o tempo de espera por um leito, já que os pacientes recebem alta com mais agilidade.

No anúncio feito nesta sexta-feira, a Anvisa reforçou que o medicamento reduz o tempo de permanência dos pacientes nos hospitais e garantiu que o remdesivir é seguro.

Quanto custa o medicamento?

Ainda não está claro qual o valor do medicamento, no entanto, este é um ponto que deve atrapalhar o seu uso no Brasil. Nos Estados Unidos, um fraco do fármaco custa US$ 390 dólares. Para o tratamento padrão, um paciente pode precisar de até seis frascos. No Brasil, isso poderia custar até R$ 13 mil.

Controvérsia

Em novembro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde desaconselhou o uso do medicamento em pacientes hospitalizados com a covid-19. "O remdesivir tem recebido atenção mundial como um tratamento potencialmente eficaz para casos graves de covid-19 e é cada vez mais usado para tratar pacientes hospitalizados. Mas seu papel na prática clínica permanece incerto", disse a organização na época, de acordo com o UOL.

"Esses estudos mostraram que o remdesivir não adiciona nada em termos de mortalidade ou progressão da doença para pacientes leves e, além de tudo, ele é injetável e bastante caro. A OMS recomenda mais estudos e pesquisas sobre o remdesivir. Com o conhecimento atual, ele não altera a progressão da doença e não evita mortes", disse a vice-diretora geral da OMS, Mariângela Simão, em entrevista à CNN.

À época, a OMS não disse que o medicamento não é eficaz, mas, sim, que são necessários mais estudos para garantir a eficácia do produto.

De acordo com a imprensa internacional, o medicamento foi utilizado no tratamento do ex-presidente americano Donald Trump, quando foi infectado pela covid-19.