Pandemia do novo coronavírus

Em Petrolina, comerciantes desafiam decreto governamental e abrem lojas no primeiro dia da quarentena

Comerciantes colocaram funcionários na frente das lojas segurando cartazes para protestar contra o fechamento das lojas

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 18/03/2021 às 11:02
Reprodução/Rádio Jornal Petrolina
FOTO: Reprodução/Rádio Jornal Petrolina

Patrões e empregados do comércio de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, amanheceram na frente das lojas em que trabalham nesta quinta-feira (18) para protestar contra o decreto estadual que estabelece a suspensão de atividades não essenciais entre esta quinta-feira (18) e o domingo (28). Os manifestantes provocaram aglomeração em vários pontos do centro da cidade.

Diferente do que orientam os especialistas no assunto, alguns manifestantes disseram, sem nenhuma prova científica, que o fechamento do comércio não ajuda na contenção do vírus. “A recomendação é essa. Viemos trabalhar para abrir, porque, até então, mesmo fechado nesses 10 dias não vai adiantar de nada. Não vai acabar com o vírus. O vírus não vai sumir da noite para o dia . Passaram um ano já e de nada adiantou. E só os empresários estão tendo prejuízo incalculável. Não podemos acatar uma ordem que veio do nada, sem a gente ao menos esperar o que está acontecendo”, desafiou Ednardo Silva de Moraes, funcionário de uma loja de importados de Petrolina.

Na verdade, várias pesquisas médicas já confirmaram que medidas duras de distanciamento social diminuem as contaminações. A tese foi recentemente defendida pelo diretor-adjunto da Organização Pan-Americana para a Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, e pelo sanitarista e ex-presidente da Agência Brasileira de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina, em entrevistas à Rádio Jornal.

No protesto em Petrolina, algumas lojas deixaram a porta meio aberta e não receberam clientes, mas outros estabelecimentos receberam clientes na manhã desta quinta (18). Vários manifestantes vestiam camisa na cor preta. Também houve grande movimentação de carros e motocicletas nas ruas do centro nesta manhã. Em alguns lugares, a Rádio Jornal Petrolina identificou falta até de vagas em estacionamentos.

Confusão

Lojistas disseram que uma funcionária da Vigilância Sanitária teria chamado os manifestantes de “palhaços”. A Polícia Militar acalmou os ânimos e as aglomerações foram dispersadas. Apesar disso, algumas lojas permaneceram com as portas entreabertas.