DESIGUALDADE

Bilionários brasileiros: Nosso país não consegue tirar dos ricos e dar para pobres, avalia economista

No ano em que a pandemia da covid-19 castigou o mundo, 11 bilionários residentes no Brasil entraram para a lista da Forbes

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 07/04/2021 às 16:55
Tião Siqueira/JC Imagem
FOTO: Tião Siqueira/JC Imagem

Segundo a lista de bilionários da Forbes, 11 residentes no Brasil entraram para o ranking de bilionários de 2021 divulgado pela revista, nesta terça-feira (6). Mesmo com a pandemia da covid-19, o número de bilionários disparou em todo mundo e chegou a 2.755. São 660 pessoas a mais do que em 2020.

O número crescente de bilionários repercutiu nas redes sociais, já que o aumento acontece no mesmo período em que o Brasil apresenta um crescimento vertiginoso da pobreza e da fome.

Em janeiro de 2021, 12,8% dos brasileiros passaram a viver com menos de R$ 246 ao mês (R$ 8,20 ao dia), linha de pobreza extrema calculada pela FGV Social a partir de dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads) Contínua e Covid-19. O país tem hoje mais pessoas na miséria do que antes da pandemia e em relação ao começo da década passada, em 2011.

No total, segundo projeção da FGV Social, quase 27 milhões de pessoas estão nessa condição neste começo de ano —mais que a população da Austrália.

Trata-se de um aumento significativo na comparação com o segundo semestre de 2020, quando o pagamento do auxílio emergencial a cerca de 55 milhões de brasileiros chegou a derrubar a pobreza extrema, em agosto, para 4,5% (9,4 milhões de pessoas) —o menor nível da série histórica.

>> Pedido de ajuda: Veja lista de instituições para doação de roupas e alimentos para os mais necessitados, no Recife

>> Pernambuco é o terceiro Estado mais desigual do Brasil, aponta IBGE

>> Nós não eliminamos os motores da pobreza, diz economista sobre aumento da fome no Brasil

>> Pesquisa revela que auxílio emergencial reduziu a pobreza em 23%

A economista Amanda Aires, explica que a crise econômica afeta de forma desigual a população e a situação "aperta para o trabalhador". "Para muitos empresários das mais diversas áreas, em alguns casos, existiu crescimento dessas empresas. Só que as empresas não repassam isso para os seus trabalhadores, e os donos se tornam cada vez mais ricos. Isso é algo histórico e vem se retroalimentando ao longo de vários anos no Brasil”, comentou. "Quem é rico, em tempos de crise, por incrível que pareça, pode se tornar mais rico", completou a especialista, acrescentando que os números da Forbes evidenciam a extrema desigualdade no Brasil.

De acordo com a economista, o problema do Brasil é concentração de renda. Ela explica que existem formas de mudar essa realidade, no entanto, não é algo fácil. "Existem vários interesses políticos e muito poder econômico dentro do meio político que inviabiliza isso. O Brasil não é desigual em 2021. O Brasil é desigual desde que foi concebido (...) O nosso país, independentemente de partido, historicamente, não consegue efetivamente tirar dos ricos e dar para os pobres, porque o governo brasileiro tira dos pobres e também dá para os ricos. Então, acaba mantendo essa desigualdade e a perpetuando”, afirmou.

Confira a entrevista completa:

Veja a lista completa dos novos brasileiros bilionários:

1) Irmãos Safra

Fortuna estimada: US$ 7,1 bilhões
Setor: bancário (banco Safra)

2) David Velez

Fortuna estimada: US$ 5,2 bilhões
Setor: fintech (Nubank)

3) Guilherme Benchimol

Fortuna estimada: US$ 2,6 bilhões
Setor: financeiro (XP)

4) André Street

Fortuna estimada: US$ 2,5 bilhões
Setor: fintech (Stone)

5) Eduardo de Pontes

Fortuna estimada: US$ 2,4 bilhões
Setor: processamento de pagamentos (Stone)

6) Fabricio Garcia

Fortuna estimada: US$ 2,1 bilhões
Setor: varejo (Magazine Luiza)

7) Flavia Bittar Garcia Faleiros

Fortuna estimada: US$ 2,1 bilhões
Setor: varejo (Magazine Luiza)

8) Fernando Trajano

Fortuna estimada: US$ 1,5 bilhão
Setor: varejo (Magazine Luiza)

9) Ilson Mateus

Fortuna estimada: US$ 1,4 bilhão
Setor: supermercado (Grupo Mateus)

10) Anne Werninghaus

Fortuna estimada: US$ 1,1 bilhão
Setor: indústria de máquinas (WEG)

11) Maria Pinheiro

Fortuna estimada: US$ 1 bilhão
Setor: supermercado (Grupo Mateus)