IMUNIZAÇÃO

É seguro tomar vacina da AstraZeneca? Por que jovens têm mais reações ao imunizante? Veja o que diz o médico

Desde janeiro que a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca passou a ser usada no Brasil

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 04/06/2021 às 18:42
Tânia Rêgo/Agência Brasil Saúde
FOTO: Tânia Rêgo/Agência Brasil Saúde

Nas últimas semanas, os relatos de pessoas que tiveram reações após tomar a vacina da AstraZeneca geraram preocupação. A situação acaba sendo uma brecha para o compartilhamento de fake news. Em entrevista ao Balanço de Notícias, Eduardo Jorge Fonseca, médico e representante da regional pernambucana da Sociedade Brasileira de Imunização, tranquiliza a população e explica que todas as vacinas têm efeitos adversos.

“As vacinas, como todos os remédios, têm os seus efeitos adversos. Temos no Brasil três grandes vacinas: CoronaVac, AstraZeneca e a Pfizer. As três com plataformas diferentes e com seus eventos adversos. Com relação à Astrazeneca, que as pessoas estão reclamando, especialmente os mais jovens, a gente está percebendo os relatos de febre, dor no corpo, alguns podem ter até vômito e dor no local da aplicação", contou o médico.

>> Covid-19: Por que estou tendo reações ao tomar vacina da AstraZeneca?

>> Quais vacinas são eficazes contra cepa indiana do novo coronavírus que chegou ao Brasil?

Apesar disso, ele diz que os sintomas não costumam durar e que, apesar disso, a covid-19 ainda é mais perigosa. "Quero ressaltar que a imensa maioria desses eventos se resolve em dois dias, no máximo (...) Se a gente for comparar o risco da covid com esses eventos adversos de dor local, dor no corpo, febre, são insignificantes perante a possibilidade de se proteger desse terrível vírus, que é o Sars-Cov-2”, afirmou.

Por que os mais jovens apresentam reações?

Doutor Eduardo Jorge explica o que leva as pessoas mais jovens a desenvolverem essas reações adversas após receber a vacina da AstraZeneca.

“Isso é uma reação imunológica. É o nosso organismo, a imunidade percebendo que tem algo que ela precisa produzir os anticorpos. Essa reação é esperada e é mais potente em jovens porque o sistema imunológico do jovem é mais ativo. Os idosos não estão fazendo com frequência esses eventos de febre e dor local. Isso acontece, exatamente, porque sua resposta imunológica é um pouco mais lento”, detalhou.

Ele orienta que quem sentir os sintomas "pode tomar algum remédio para febre ou parar dor, como paracetamol ou dipirona”.

A AstraZeneca é segura?

O médico rebate ainda os questionamentos sobre a segurança e eficácia da vacina da Astrazeneca. "A melhor vacina é aquela que chegue no seu braço primeiro. Evidentemente que as vacinas têm plataformas diferentes. Com relação à eficácia, a vacina da Pfizer, que hoje é reservada às pessoas com comorbidades, grávidas e puérperas, essa demonstrou uma maior eficácia. Isso não significa que a CoronaVac e a AstraZeneca não protejam das formas graves”, garantiu.

>> Trombose: gestantes que já receberam primeira dose da AstraZeneca devem ser tranquilizadas, defende epidemiologista

>> Risco de trombose por causa de vacina é milhares de vezes menor do que pela infecção por covid-19, explica médico da Fiocruz

Por que as pessoas têm covid-19 mesmo após tomar a vacina?

Doutor Eduardo Jorge explicou que a vacina contra o sarampo tem uma eficácia de 95%, e é considerada a mais segura, no entanto, ainda há o risco de as pessoas terem a doença. Ele explica o porquê do controle do problema. "5% das pessoas que tomam a vacina de sarampo podem ter a doença. Por que a gente não observa isso? Porque a maioria da população é imunizada, o vírus não circula. A falha vacinal é prevista, e existe (...) Não basta só a vacina, tem que ser a vacina e a epidemiologia agindo de forma intensa, ou seja, ter um quantitativo grande de pessoas imunizadas para que o vírus pare de circular. Enquanto a gente tiver com apenas 20% da população imunizada com a primeira dose, enquanto o vírus ainda estiver circulando em um grande quantitativo de pessoas, as falhas vacinas vão acontecer com maior intensidade”, afirmou.

Quais são os efeitos colaterais mais comuns?

Os efeitos colaterais que ocorreram durante os estudos clínicos com a vacina covid-19 (recombinante) foram:

Muito comum (pode afetar mais de 1 em cada 10 pessoas)

  • Sensibilidade, dor, sensação de calor, coceira ou hematoma (manchas roxas) onde a injeção é
  • administrada
  • Sensação de indisposição de forma geral
  • Sensação de cansaço (fadiga)
  • Calafrio ou sensação febril
  • Dor de cabeça
  • Enjoos (náusea)
  • Dor nas articulação ou dor muscular

Comum (pode afetar até 1 em cada 10 pessoas)

  • Inchaço, vermelhidão ou um caroço no local da injeção
  • Febre
  • Enjoos (vômitos) ou diarreia
  • Sintomas semelhantes aos de um resfriado como febre acima de 38 °C, dor de garganta, coriza (nariz escorrendo), tosse e calafrios.

Incomum (pode afetar até 1 em cada 100 pessoas)

  • Sonolência ou sensação de tontura
  • Diminuição do apetite
  • Dor abdominal
  • Linfonodos (ínguas) aumentados
  • Sudorese excessiva, coceira na pele ou erupção na pele

Muito raro

  • Coágulos sanguíneos importantes em combinação com níveis baixos de plaquetas no sangue (trombocitopenia) foram observados com uma frequência inferior a 1 em 100.000 indivíduos vacinados.