ESTUDO

Covid-19: Terminais de ônibus têm maior risco de contaminação, mais até do que em arredores de hospitais, diz Fiocruz

Terminais de ônibus lotados são alvo de reclamações desde o início da pandemia da covid-19

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 29/06/2021 às 18:33
Bruno Campos/ JC Imagem
FOTO: Bruno Campos/ JC Imagem

Desde o início da pandemia da covid-19, o transporte público é alvo constante de queixas e denúncias de aglomerações, já que o distanciamento social é uma das principais estratégias de prevenção contra o novo coronavírus. Um novo estudo da Fiocruz Pernambuco comprova o senso comum: o risco de contaminação pelo Sars-CoV-2 é maior em terminais de ônibus.

O coordenador do estudo, Lindomar Pena, pós-doutor pesquisador do Departamento de Virologia e Terapia Experimental da Fiocruz Pernambuco, dá detalhes do estudo. “Buscamos superfícies que são altamente tocadas, locais que as pessoas encostam muito como corrimão de escada, leitores de biometria, torneiras e maçanetas de portas de banheiros, por exemplo (...) A gente respaldou o senso comum de que os ônibus lotados, com muitas pessoas infectadas circulando, são o local com maior risco de positividade para o coronavírus”, detalhou.

Com 48,7% das amostras positivas, os terminais de ônibus apresentaram um maior risco de contaminação do que os dos arredores de hospitais (26,8%). Parques públicos apresentaram um risco de 14,4%, seguidos de mercados públicos (4,1%), praias (4,1%) e outros lugares (2,2%). O vírus foi encontrado predominantemente em banheiros, terminais de autoatendimento, corrimões, playgrounds e equipamentos de ginástica ao ar livre.

Lindomar Pena informou que a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) já foi informada sobre os resultados.

Sobre a pesquisa

Para essa investigação, foram coletadas 400 amostras de superfícies muito tocadas por diferentes usuários, como maçanetas, torneiras, vasos sanitários, interruptores de luz, leitores de biometria, catracas, corrimão de escadas, entre outros, em diversos pontos da capital pernambucana. Os lugares foram selecionados por atenderem a duas condições: grande fluxo e alta concentração de pessoas; e organizados em seis grupos: terminais de passageiros, unidades de saúde, parques públicos, mercados públicos, áreas de praia e centro de distribuição de alimentos. As amostras foram submetidas ao exame padrão ouro para detecção do novo coronavírus, o rt-qpcr.

O coordenador explicou ainda que a pesquisa não encontrou o vírus infeccioso, no entanto, isso não diminui o risco. “A ausência do vírus infeccioso não significa que não haja vírus infeccioso naquele local. A gente foi em um determinado momento e coletou e naquele momento achamos o vírus. Sinal de que alguém infectado esteve ali, tocou o nariz e depois naquela superfície, a gente achou o vírus, mas não vivo. Mas em algum momento ele estava vivo, a gente apenas não detectou no momento em que ele estava vivo”, apontou.

Outro aspecto contemplado pelos estudiosos foi a classificação das superfícies pelo tipo de material. O vírus foi encontrado com maior frequência em superfícies metálicas (46,3%) e plásticas (18,5%).