COVID-19

Fungo negro: Pernambuco investiga duas mortes com suspeita de infecção por mucormicose

A mucormicose ou "fungo negro" é um problema raro que pode acometer pacientes que tiveram covid-19

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 29/06/2021 às 13:18
Miva Filho/SES
FOTO: Miva Filho/SES

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) investiga duas mortes que ocorreram no último final de semana com suspeita de infecção por mucormicose, popularmente conhecido como "fungo preto" ou "fungo negro". O problema é raro e pode acometer pacientes que tiveram covid-19.

Em nota, a secretaria informou "que o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância à Saúde (Cievs-PE) foi notificado, nesta semana, de dois óbitos, com suspeita de infecção por mucormicose. Os casos ainda estão sendo analisados por um comitê técnico da SES-PE para ver se preenchem os critérios da definição de quadro suspeito para a infecção fúngica".

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Uma das vítimas é de Serra Talhada e faleceu em Petrolina, Sertão do São Francisco. O outro caso foi registrado em Calumbi, no Sertão do Pajeú. Esta última vítima morreu no Hospital Regional Agamenon Magalhães (Hospam), no Recife.

Um paciente de São José do Belmonte, no Sertão Central, está internado no Hospital Eduardo Campos (HEC), no Recife, também sob suspeita do fungo negro. Não há informações ainda sobre o estado de saúde dele.

O que é fungo negro?

A mucormicose, popularmente chamada de "fungo preto" ou "fugo negro", é uma infecção muito rara. A condição é causada pela exposição ao fungo mucoso, que faz parte da família Mucoraceae, comumente encontrado no solo, plantas, esterco e frutas e vegetais em decomposição.

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O fungo afeta os seios da face, o cérebro e os pulmões e pode ser fatal em pessoas com diabetes ou em pessoas gravemente imunossuprimidas, como pacientes com câncer ou pessoas com HIV/AIDS.

Felipe Prohaska, chefe da triagem de doenças infecciosas e responsável técnico pelo Ambulatório de Micologia e Imunobiológicos do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, explica a relação do fungo preto com a covid-19. "Acreditamos que na situação da covid-19 provavelmente o vírus deve baixar a imunidade e o tratamento que se faz é com uso de corticoide, que é uma das coisas que favorece o surgimento. Se você faz corticoide, numa dose muito alta, por um tempo muito prolongado desregula a glicose e pode causar diabetes. Juntando a imunossupressão do corticoide com a desregulação da glicose causada pela diabetes num paciente imunossuprimido pós-viral pode surgir o famoso fungo negro”, apontou.