O bairro do Recife Antigo teve vários focos de aglomeração na tarde do último domingo (4). Um dos principais cartões postais da capital Pernambucana ficou cheio de gente andando em todas as direções. O mais preocupante é que boa parte não usava nem sequer máscara de proteção. Isso tudo no dia em que Pernambuco chegou aos 17.872 óbitos causados pela covid-19.
Na chegada ao bairro turístico, flanelinhas corriam e gritavam para tentar ajudar os motoristas com dificuldade para estacionar os veículos nas vagas lotadas. Na praça do Marco Zero, que é um espaço bem amplo, casais de mãos dadas ou famílias inteiras caminhavam juntas sem máscara, esbarrando em outros transeuntes e praticantes de esportes.
Quem buscava por sombra, encontrava espaço entre o mar e os restaurantes localizados nos armazéns, ao lado da praça. Grupos de amigos brincavam e conversavam amontoados.
Pouco mais à frente, na Rua do Bom Jesus, uma feirinha de artesanatos também era chamariz e foco de mais aglomeração. As barraquinhas, que ficavam concentradas apenas na rua, agora, se estendem até a altura da praça do Arsenal, numa aparente tentativa de distanciar os vendedores e clientes. Apesar disso, a feirinha ficou cheia. Veja a foto:
A reportagem procurou diversos órgãos públicos para entender os motivos das aglomerações no Recife Antigo. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco disse que “tem orientado as gestões municipais e órgãos de fiscalização para que monitorem espaços públicos e estabelecimentos de comércio para o cumprimento das medidas sanitárias, além de orientar os frequentadores desses espaços” e que “embora o Estado tenha avançado nas ações de imunização de sua população contra a Covid-19, ainda são extremamente necessárias as medidas que promovam o distanciamento social, uso de máscara, higiene correta das mãos e superfícies de contato”.
Em nota, o Procon de Pernambuco informou que "a fiscalização das praças e espaços de circulação pública são de responsabilidade das gestões municipais".
No sábado (3), o órgão dispersou uma aglomeração em uma praça pública no bairro do Cordeiro, zona oeste do Recife.
Já a Secretaria Executiva de Controle Urbano do Recife disse que “Desde março o cumprimento das medidas estabelecidas pelo decreto estadual de restrições às atividades econômicas e sociais é fiscalizado por equipes da Secretaria Executiva de Controle Urbano (Secon), Guarda Municipal e CTTU, sempre com apoio dos órgãos do governo do Estado, como a Polícia Militar”. Na nota, a pasta também alertou para que “a população se conscientize de que, uma vez não tendo terminado a pandemia, é preciso respeitar as normas de distanciamento social, uso de máscaras e higienização como forma de proteger a si e ao próximo - assegurando, assim, um retorno gradual e seguro de todas as atividades”.
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Interdições em bares
Ao longo do final de semana, bares foram interditados em vários bairros do Grande Recife. Na sexta-feira (2), agentes autuaram o Boteco Terraço, em Candeias, Jaboatão dos Guararapes. No local, os fiscais encontraram pessoas sem máscaras e consumindo bebida alcoólica em pé, por volta da meia-noite.
Ainda na sexta, o Pizza do Lóide, no Pina, zona sul do Recife, também foi autuado. O estabelecimento também funcionava após às 22h, horário limite permitido. No dia seguinte, sábado (3), houve a dispersão do grupo que estava na praça pública do bairro do Cordeiro, sem máscara e sem distanciamento social.
E, no domingo (4), em San Martin, também na zona oeste do Recife, o Espetinho do Buxexa foi interditado. “Foi constatado pela Equipe, que no estabelecimento não havia distanciamento entre as mesas, bem como ausência de álcool dentro do estabelecimento e nas mesas, além de constatar um número exorbitante de pessoas consumindo fora do horário permitido”, disse o Procon em nota.
“Manteremos os esquemas de fiscalização, com o objetivo de garantir que os protocolos de convivência e combate à covid-19 sejam cumpridos. A medida é necessária para resguardar a vida da população”, disse o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico.
“Até o momento, 1.476 locais foram fiscalizados pelo Procon/PE em 2021. Deste número, 346 foram autuados e 86 interditados”, finalizou a nota enviada pelo Procon Pernambuco.