INCIDENTE

Por que acontecem tantos ataques de tubarão na Igrejinha de Piedade?

Neste sábado (10), mais um incidente com tubarão foi registrado na Igrejinha de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes

Ísis Lima
Ísis Lima
Publicado em 10/07/2021 às 16:58
Bobby Fabisak/ JC Imagem
FOTO: Bobby Fabisak/ JC Imagem

Desde que Pernambuco iniciou os registros oficiais de incidentes com o tubarão, em 1992, a Igrejinha de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, é apontada como a área com o maior número de ataques. Neste sábado (10), mais um banhista perdeu a vida no local após sofrer um ataque de tubarão.

Em levantamento realizado pelo Jornal do Commercio, de 1992 até 2019, foram registrados 62 ataques no continente, sendo 27 no Recife, 23 em Jaboatão dos Guararapes, seis no Cabo de Santo Agostinho, quatro em Olinda, um em Paulista e outro em Goiana. Em Fernando de Noronha, quatro pessoas foram vítimas dos tubarões. Desse total, 25 não resistiram aos ferimentos, e 41 sobreviveram - muitas sofreram amputações.

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Os pontos onde mais foram registrados incidentes no continente foram na Igreja de Piedade (19,35%), na Praia de Piedade, e no Acaiaca (11,29%), na Praia de Boa Viagem. Em Fernando de Noronha, cada um dos quatro ataques aconteceu em localidades diferentes.

Ao JC Online, Rosângela Lessa, especialista em tubarões e engenheira em pesca da Universidade Federal de Pernambuco, explica porque a área é tão perigosa. "Existe uma situação favorável. A configuração da praia, a abertura nos arrecifes, que faz com que as pessoas estejam diretamente relacionadas com a área mais funda, e existe também o fato de que as recomendações não são seguidas. Eu acredito que não importa o quanto se faça de pesquisa se o ser humano não se der conta de que é preciso seguir as instruções", disse.

Problema de educação

A especialista comenta ainda que é preciso que a população respeite as sinalizações e evite tomar banho nessas áreas de risco. "A gente passou por um período sem ataques, e aí as pessoas imaginam que o problema foi resolvido. Mas isso não é um problema que é resolvido. Incidentes em uma área em que já ocorreram incidentes antes é uma coisa que se espera. Não tem como prever e nem tem como garantir que não ocorrerão mais. Na minha opinião, é um problema de educação mais do que qualquer outra coisa", afirmou.

Tubarões

Os tubarões mais comuns na costa pernambucana são os das espécie cabeça-chata e o tigre, que devido ao seu porte, podem ofertar maior agressividade.