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O que está acontecendo no Afeganistão hoje: mudança no nome do país e caos aumenta no quinto dia de domínio do Talibã

O grupo extremista Talibã retomou o poder no Afeganistão, no Oriente Médio, após ter controle da cidade de Cabul, capital do país

Robert Sarmento
Robert Sarmento
Publicado em 19/08/2021 às 18:20
Reprodução/ Instagram
FOTO: Reprodução/ Instagram

Desde o dia 15 de agosto, quando o Talibã invadiu a cidade de Cabul, capital do Afeganistão, e retomou o poder no país, milhares de pessoas tentam desesperadamente deixar a região com medo do ditadura do grupo extremista vista entre os anos de 1996 e 2021, período em que estiveram no comando do governo. Diante disso, os sites da TV Jornal e Rádio Jornal mostram o resumo sobre o que está acontecendo no Afeganistão, uma das nações mais conflituosas do mundo, no quinto dia de domínio do grupo extremista.

Emirado Islâmico do Afeganistão

O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, anunciou que o Afeganistão passou a se chamar Emirado Islâmico do Afeganistão. O nome é o mesmo adotado quando o grupo extremista esteve no poder do país pela primeira vez, entre 1996 e 2021. Através de uma publicação nas redes sociais e em coletiva de imprensa, ele afirmou que grupo teria atitudes mais moderadas e não seria igual ao que aconteceu no primeiro governo deles.

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No entanto, um dos principais comandantes do Talibã, Waheedullah Hashimi, afirmou que as leis devem ser semelhantes às que existiam da outra vez que o grupo extremista esteve no comando. Esse fato é o motivo do medo da população, que desesperadamente tenta deixar o Afeganistão.

 

Morte de ex-jogador de futebol

Um jovem, de 19 anos, identificado como Zaki Anwari morreu durante o caos registrado no aeroporto de Cabul, na última segunda-feira (16), quando centenas de pessoas tentaram subir em um avião dos Estados Unidos em plena decolagem para deixar o Afeganistão após a tomada de poder pelo Talibã. A informação foi revelada pela agência de notícias afegã Ariana News. A morte, segundo a agência, foi confirmada por um órgão esportivo do Afeganistão.

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Os amigos e treinadores lamentaram a tragédia em mensagens publicadas nas redes sociais. O jovem chegou a defender as categorias de base da seleção de futebol do Afeganistão. As cenas de desespero da população chocaram o mundo. Vídeos e relatos colhidos pela agência de notícias afegã Asvaka mostram pessoas caindo de um Boeing C-17.

Protesto reprimido com violência

Apesar das promessas de passividade, o Talibã reprimiu violentamente uma manifestação na cidade de Jalalabad, no Afeganistão. Os membros do grupo extremista efetuaram disparos e agrediram manifestantes. De acordo com a agência Reuters e com a rede Al Jazeera, pelo menos três pessoas morreram e 12 ficaram feridas. O protesto aconteceu por causa da retirada da bandeira do Afeganistão e o fato de ter sido colocada uma do Talibã em um monumento que fica no centro da cidade.

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''Eu acredito que o Talibã busca um reconhecimento internacional. Se conseguem reconhecimento da China e da Rússia, que tem economia forte e potência militar, respectivamente, o grupo sabe que não vai sobreviver sozinho. O Afeganistão é uma país considerado pequeno, com 30 milhões de pessoas, e vivem uma seca. Nesse primeiro momento, acredito que vão buscar uma imagem pragmática do grupo'', explicou o geógrafo João Correia.

O que pode ser feito e como ajudar as pessoas?

O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antônio Guterres, conclamar que todas as partes em conflito no Afeganistão devem exercer a máxima contenção para proteger as vidas das pessoas e garantir os direitos humanos. Diante disso, Thales Castro comentou sobre qual o caminho para mudar a situação do país.

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''No campo político, tem muito pouco do que pode ser feito. Eu percebo que é uma tragédia anunciada. A gente percebe que dois países importantes no cenário mundial formataram algum tipo de suporte: China e Rússia. Com a retirada das tropas dos Estados Unidos, simbolicamente é uma vitória dos chineses. Com isso, vão poder usar o território do Afeganistão para a reconstrução da infraestrutura do país. Isso traz mudanças geopolíticas no mundo todo'', afirmou o cientista político em entrevista a Rádio Jornal sobre o Afeganistão hoje.