Saúde pública

Bolsonaro veta distribuição de absorventes a estudantes pobres e mulheres em situação de rua

Projeto de distribuição de absorventes a mulheres de baixa renda havia sido aprovado pelo Congresso

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 07/10/2021 às 8:11
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Considerado importante para combater as dificuldades enfrentadas por mulheres de baixa renda, o projeto que pretendia distribuir gratuitamente absorventes para estudantes da rede pública de ensino e mulheres em situação de rua foi vetado pelo presidente Jair Bolsonaro. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (7).

De acordo com pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o problema é tão grave que, uma em cada quatro meninas, já faltou aula por falta de absorvente no Brasil. Apesar disso, o presidente Bolsonaro argumentou que o projeto, já aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, não tinha estabelecido qual a fonte de custeio.

Na realidade, o texto aprovado pelo Congresso para a distribuição de absorventes já dizia que a aquisição e distribuição dos produtos deveria ser feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto também explica que o dinheiro necessário para a compra dos absorventes para detentas deveria sair do Fundo Penitenciário Nacional.

Bolsonaro disse que absorventes não estão na lista de medicamentos essenciais. Ele também afirmou que o projeto não atendia ao princípio de universalidade do SUS. No caso do Fundo Penitenciário Nacional, o presidente afirmou que a lei que o criou não prevê recursos para essa finalidade. A decisão de Bolsonaro pode ser derrubada pelo Congresso em até 30 dias.

Pobreza menstrual

"Uma em cada quatro jovens já faltou a aula por não poder comprar o absorvente e não falam que foi por isso. Elas têm vergonha, tentam esconder. A falta de absorvente provoca uma sensação de insegurança. É algo que elas sofrem sozinhas, como se fosse um fracasso, uma vergonha, isso é o que mais me chocou", contou a antropóloga Mirian Goldenberg, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ao Fantástico, da TV Globo. A reportagem da TV Globo também mostrou que, por falta de dinheiro, algumas meninas chegam a usar miolo de pão em substituição ao absorvente.