Nova mentira de Bolsonaro

Bolsonaro distorce fala de diretor da OMS e engana apoiadores sobre isolamento social

Bolsonaro continua criticando medidas de combate ao novo coronavírus, 1 ano e 7 meses após início da crise sanitária

Gabriel dos Santos Araujo Dias
Gabriel dos Santos Araujo Dias
Publicado em 05/11/2021 às 11:14
Reprodução
FOTO: Reprodução

Na semana passada, durante encontro do G20 (reunião de chefes dos 20 países mais ricos do mundo) o presidente Jair Bolsonaro teve uma conversa informal com o diretor da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom. No bate-papo, Adhanom disse que, neste momento, em razão do avanço da vacinação contra a covid-19 no Brasil, na avaliação dele, não seria mais necessário um lockdown geral em todo o Brasil, apesar de não retirar a possibilidade de que isolamentos restritos a locais com surtos ainda possam ser necessários. Contrário a medidas defendidas pela Ciência, Bolsonaro, no entanto, distorceu a fala do diretor da OMS e disse, nessa quinta-feira (4), durante live nas redes sociais que o especialista seria contra lockdown. As informações são do portal UOL.

"Você vai ver na minha página lá, tem que prestar atenção, está um pouquinho baixo o som, mas dá para você ouvir o que ele [Tedros Adhanom] falou sobre lockdown. [Se] ele apoiou ou não o lockdown, a OMS, tá ok?", disse enganosamente o presidente Bolsonaro.

O vídeo divulgado por Bolsonaro foi editado. Sem contexto nenhum, Bolsonaro disse apenas que Adhanom era contra lockdown, mas não explicou que o especialista estava falando sobre o momento atual do país, que está com os números de casos e mortes em queda, além de, após muita demora, conseguir avançar com a vacinação.

OMS apoia, sim, lockdown

Enquanto o mundo sofria os efeitos perversos da pandemia sem qualquer remédio ou vacina contra a covid-19, a OMS declarou - diversas vezes - que programas de isolamento social eram imprescindíveis para evitar a contaminação do novo coronavírus.

"Essas medidas que atingem toda a sociedade são difíceis, mas necessários", disse o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan. Adhanon alertou, no entanto, que “os governos têm que garantir o bem-estar das pessoas que estão perdendo renda e precisam desesperadamente de comida, saneamento e outros serviços essenciais”.